CRUELDADE

Homem é condenado a prisão perpétua por matar a mulher com picadas de cobra na Índia

Investigações apontam que homem utilizou duas cobras para matar a esposa

Homem é condenado a prisão perpétua por matar a mulher com picadas de cobra na Índia (Foto: reprodução - BBC )
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Um homem foi condenado a prisão perpétua dupla por matar a mulher com picadas de cobra. O caso aconteceu na Índia. De acordo com a BBC, Suraj Kumar, de 28 anos, pagou 7 mil rúpias – cerca de R$ 508 – por uma naja indiana, uma das cobras mais venenosas do mundo.

De acordo com a reportagem, o homem adquiriu o animal com um apanhador de serpentes, Suresh Kumar, no Sul do país. Para que a cobra não morresse asfixiada, ele a colocou dentro de um recipiente plástico para que o ar entrasse e a levou para casa.

Trezes dias depois, o homem colocou o recipiente em uma sacola e foi até a casa dos sogros, onde a esposa, Uthra, já se recuperava de um misteriosa picada de cobra. Desta vez, a espécie seria uma víbora-de-russell. Essa serpente tem a cor de terra, é altamente venenosa e responsável pela morte de mulheres de pessoas na Índia.

Primeira picada de cobra

A cobra teria mordido Uthra na perna enquanto ela estava em casa. Suraj, em 27 de fevereiro., teria soltado a cobra no primeiro andar da casa e pediu para que a esposa subisse ao local para que pegasse o seu celular.

A mulher viu a víbora enrolada no chão de mármore e deu o aleta, segundo a mãe de Uthra à polícia.

Suraj teria, então, pego a cobra com um galho e saiu de casa. Ele colocou a cobra de volta no recipiente.

Em 2 de março, ele tentou novamente após misturar sedativos na sobremesa da esposa. Suraj soltou a cobra no quarto enquanto ela dormia.

Minutos depois, Uthra acordou gritando de dor,  segundo os investigadores. A cobra havia mordido a perna direita da mulher. Após o bote, Suraj jogou o réptil pela janela.

“Casos de picadas de cobra são comuns em Kerala, então não suspeitamos de nenhum crime aqui”, disse Vijayasenan Vidhyadharan, pai de Uthra.

Uthra já estava com inchaço e hemorragia. Foram mais de duas horas até a família encontrar um hospital que oferecia um tratamento intensivo.

A mulher passou por três cirurgias para transplante de pele até ter alta. Após isso, ela foi para a casa dos pais.

Segunda picada de cobra

“Enquanto a esposa estava no hospital, Suraj estava buscando na internet sobre como manusear cobras e aprendendo sobre o veneno de cobras”, disse Anoop Krishna, um dos investigadores.

Suraj pegou o recipiente com a cobra, virou de cabeça para baixo e deixou a cobra de 1,5 metro cair em sua esposa adormecida. A cobra, ao invés de atacá-la, rastejou para longe
Ele pegou a serpente e tacou em Uthra, mas o réptil, novamente, se afastou dela. Ele realizou uma terceira tentativa, onde segurou a cobra pelo capuz e pressionou a cabeça perto do braço esquerdo de Uthtra.
A cobra ficou agitada e mordeu a mulher duas vezes, com as presas na frente da boca. Após isso, a cobra rastejou para uma prateleira no quarto e ficou lá a noite toda.

“As najas não mordem a menos que você as provoque. Suraj teve que pegá-la pelo capuz e forçá-la a morder sua esposa”, diz o herpetólogo Mavish Kumar.

Investigação

Logo em seguida, o homem lavou o copo de suco, destruiu o galho que usou para manipular a cobra e apagou o registro de chamadas do seu celular.

A mãe de Uthra disse que entrou no quarto na manhã seguinte e viu a filha deitada com “a boca aberta e a mão esquerda pendendo para um lado”.
Ela disse que Suraj estava no quarto.
“Por que você não checou se ela estava acordada?”, Manimekhala Vijayan perguntou ao genro.

“Eu não queria perturbar o sono dela”, Suraj respondeu.

A família levou Uthra às pressas para o hospital, mas os médicos apenas declararam a morte por envenenamento e chamaram a policia.
A autópsia revelou dois pares de perfuração, com menos de uma polegada de distância, em seu antebraço esquerdo. Além disso, os exames indicaram a presença de veneno de naja e sedativo em seu sangue.

Motivação

Inclusive, o histórico dele na internet ajudou a polícia a elucidar o caso. O homem procurava vários vídeos sobre cobras, além de realizar pesquisas no Google sobre o assunto.
“O marido estava determinado a matá-la, pegar seu dinheiro e se casar com outra mulher. Ele planejou tudo meticulosamente e teve sucesso na terceira tentativa”, disse Apukuttan Ashok, o principal investigador do caso.

O homem chegou a falar para amigos que a esposa era “assombrada pela maldição de uma serpente” em seus sonhos, nos quais “ela estava destinada a morrer por picada de cobra”.

Julgamento

Com base em uma denúncia dos pais da jovem, Suraj foi preso em 24 de maio por relação com a morte da esposa.
Após 78 dias de investigação, houve o início do julgamento com acusações que ultrapassou 1 mil páginas. Mais de 90 pessoas foram ouvidas, incluindo herpetólogos e médicos.
A acusação ainda abrangeu a exumação do corpo da cobra, que estava enterrada no jardim do fundo das casas, um estoque de sedativo que estava no carro da família e a comprovação que ele comprou duas cobras.
A segunda em questão era a víbora-de-russell, que havia mordido a esposa meses antes. O apanhador de cobra conferssou que vendeu as duas répteis para Suraj.
Quando o juiz anunciou a prisão perpétua, Suraj aparentemente “não mostrou remorso”, afirmou o promotor público Mohanraj Gopalakrishnan.
“Este é um marco nas investigações policiais na Índia, em que os promotores puderam provar de forma decisiva que um animal foi usado como arma de um homicídio.”