ELEIÇÃO | ESTADOS UNIDOS

Imprensa americana projeta vitória de Biden na Geórgia e Arizona, e democrata iguala números de Trump em 2016

O democrata Joe Biden venceu as eleições também no Arizona e na Geórgia, projetaram os…

O democrata Joe Biden venceu as eleições também no Arizona e na Geórgia, projetaram os principais veículos de comunicação dos EUA nesta sexta-feira. Com isso, Biden chega ao total de 306 votos no Colégio Eleitoral, o mesmo número obtido por Donald Trump em 2016, que agora tem 232.

Os dois estados foram conquistados pelo republicano há quatro anos e, ao lado de Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, marcaram viradas democratas neste ano, ampliando a vitória de Biden, que já havia sido projetada no sábado, quando ele atingiu os 279 votos no Colégio Eleitoral. No voto popular, o democrata chegou hoje ao total de 77,9 milhões, um recorde histórico, contra 72,6 de Trump.

Também de acordo com projeções, Donald Trump venceu na Carolina do Norte, último estado em que ainda não havia sido declarado um vencedor. Ainda assim, ele continua a fazer alegações sem embasamento para questionar a lisura do pleito, recusando-se a reconhecer sua derrota.

A campanha de Trump entrou com ações nestes seis estados essenciais para a vitória de Biden, tentando bloquear a certificação dos resultados, que deve ocorrer até 8 de dezembro em todas as unidades da federação, seis dias antes da formalização da eleição no Colégio Eleitoral. No entanto, as ações têm sofrido seguidas derrotas na Justiça, por não poderem provar as fraudes e irregularidades alegadas.

Nesta sexta, um tribunal estadual de Michigan rejeitou um pedido republicano para bloquear a certificação do resultado em Detroit. O juiz Thimothy Kenny argumentou que fazê-lo seria um “exercício sem precedentes de ativismo judicial”, já que as alegações da campanha de Trump eram “incorretas e sem credibilidade”.

A estratégia de Trump começa a dividir não só o Partido Republicano, mas também aqueles que o representam na Justiça. Nesta sexta-feira, veio à tona que um escritório de advocacia que representava a campanha do presidente, o Porter, Wright, Morris & Arthur, pediu para abandonar um processo para bloquear a certificação do resultado na Pensilvânia.

Na semana passada, uma outra firma, esta no Arizona, já havia feito o mesmo. No sábado, a campanha republicana havia entrado com um processo alegando irregularidades na contagem de votos no estado. A ação buscava a recontagem manual dos votos depositados no dia da eleição, alegando que eleitores se confundiram e temiam que seus votos não tivessem sido contados por problemas com o tipo de caneta usado para marcar cédulas. Os advogados republicanos, no entanto, desistiram da ação após ficar claro que os votos afetados não eram milhares, como afirmavam, mas 191.

Biden é o primeiro candidato democrata a vencer no Arizona desde 1996, quando Bill Clinton foi reeleito para seu segundo mandato. Desde então, o estado era considerado um reduto republicano. O mesmo acontece na Geórgia, onde os democratas não venciam desde 1992, também com Clinton.

Antes de Clinton, a última vez que o Arizona havia votado em um democrata havia sido em 1948, em apoio a Harry Truman. O resultado marca uma profunda mudança política no estado, diante das mudanças demográficas em seu território, com um número crescente de eleitores latinos e progressistas.

Outro fator apontado foi o apoio a Biden de Cindy McCain, a viúva do ex-senador pelo Arizona, que fez campanha a favor de Joe Biden. McCain era não só grande amigo do presidente eleito, mas um dos críticos mais ferrenhos de Trump. Ex-prisioneiro de guerra, ele era popular no Arizona, que representou no Senado por mais de 30 anos, até a sua morte em 2018.

Já na Geórgia, estado de Martin Luther King, a vitória é atribuída ao esforço democrata de registrar mais eleitores negros, capitaneado pela advogada e ex-candidata a governadora Stacey Abrams. Uma recontagem manual já começou no estado, mas é considerado praticamente impossível que ela mude a vantagem de Biden, de 14 mil votos.

Desde 2000, houve ao menos 31 recontagens estaduais e apenas três delas mudaram o resultado de eleições — em todos os casos, a margem entre os candidatos era inferior a 300 votos.

Enquanto isso, a Casa Branca bloqueia as verbas destinadas à transição e os briefings diários de Inteligência a que Biden tem direito. Em uma entrevista à MSNBC, o recém-nomeado chefe de Gabinete de Biden, Ron Klain, disse que o presidente eleito também não tem acesso aos funcionários do Departamento de Saúde que planejam campanhas de vacinação contra a Covid-19 para fevereiro e março do ano que vem, quando os democratas já estarão no comando.

A agência AP e a Fox News haviam declarado a vitória de Biden no Arizona ainda na madrugada do dia 4 de novembro, mas a estreita diferença entre os candidatos levou outros meios de comunicação a agirem com cautela. Como nos EUA não há uma Justiça Eleitoral nacional, são os veículos de comunicação que projetam os vencedores a partir das apurações estaduais.