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Irã vai indenizar famílias dos 176 mortos em avião da Ucrânia abatido por engano

O governo do Irã anunciou, nesta quarta-feira (30), que vai destinar uma indenização de US$…

O governo do Irã anunciou, nesta quarta-feira (30), que vai destinar uma indenização de US$ 150 mil (R$ 784 mil) para as famílias de cada uma das 176 vítimas do avião da Ucrânia abatido por engano no espaço aéreo iraniano em janeiro, de acordo com um informe da agência de notícias estatal IRNA.

“O gabinete aprovou o fornecimento de US$ 150 mil ou o equivalente em euros o mais rápido possível para as famílias de cada uma das vítimas do desastre do avião ucraniano”, diz o comunicado da IRNA.

Em janeiro, a Guarda Revolucionária do Irã admitiu que cometeu um engano ao abater a aeronave da Ukraine International Airlines pouco após sua decolagem. Na ocasião, autoridades disseram que o avião sobrevoava uma área militar considerada sensível e foi confundido com um míssil.

À época, o presidente do Irã, Hassan Rouhani, classificou o incidente como um “erro imperdoável e desastroso” e disse repetidamente que os responsáveis seriam punidos.

A tragédia, na qual os 176 passageiros –82 iranianos, 63 canadenses e 11 ucranianos– morreram, ocorreu cinco dias depois de um ataque com drones dos Estados Unidos matarem o general Qassim Suleimani, principal autoridade militar do país, em um episódio que representou uma escalada nas tensões entre Washington e Teerã.

Horas antes da queda da aeronave, o Irã havia disparado mísseis contra bases americanas no Iraque, em resposta ao ataque contra Suleimani.

No acidente, o Boeing 737-800 da companhia área ucraniana caiu cinco minutos após decolar do aeroporto Imam Khomeini, em Teerã. A aeronave, que decolou às 6h12 do dia 8 de janeiro (23h42 do dia 7, no horário de Brasília) e seguia para Kiev, foi atingido minutos após a decolagem.

Entre as vítimas, estavam a família de um importante escritor iraniano, um casal recém-casado e dezenas de estudantes internacionais e crianças viajando com suas famílias.

Antes de admitir a responsabilidade, o governo iraniano vinha negando acusações nesse sentido, feitas por autoridades do Canadá, do Reino Unido e dos setores de inteligência dos EUA.

Mais tarde, o comandante da seção aeroespacial da Guarda Revolucionária do Irã, general Amir Ali Hajizadeh, assumiu a culpa pelo erro em uma declaração à TV estatal. “Preferiria estar morto a testemunhar um acidente semelhante”, afirmou.

O comandante disse que o avião foi confundido com um míssil de cruzeiro (armamento guiado remotamente para liberar ogivas a longas distâncias) e abatido por um míssil de curto alcance. Ele também afirmou que o soldado efetuou o disparo sem ordem por causa de uma interferência nas telecomunicações.

Nesta quarta, o ministro de Desenvolvimento Urbano do Irã, Mohammad Eslami, disse à TV estatal que o relatório final sobre as circunstâncias da queda do avião foi enviado a todos os países que participam da investigação.

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia disse que o valor da indenização deve ser determinado por meio de negociações, levando em consideração a prática internacional, e que estabelecer as causas da tragédia e levar os responsáveis à Justiça é um pré-requisito.

“O lado ucraniano espera do Irã um esboço de relatório técnico sobre as circunstâncias do abate da aeronave”, disse o porta-voz do ministério Oleh Nikolenko, acrescentando que o Irã ainda não implementou acordos anteriores, sem dar detalhes.

“Esta situação é especialmente inaceitável, já que estamos falando sobre o destino de pessoas inocentes”, disse Nikolenko. “A Ucrânia, junto com outros países afetados, continuará fazendo todos os esforços para estabelecer justiça neste caso e levar os responsáveis à Justiça.”