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Kim Jong-un reforça autoridade e perde 20 kg em meio a crise na Coreia do Norte

Para enfrentar uma das piores crises econômicas e sociais em seus dez anos à frente do…

Para enfrentar uma das piores crises econômicas e sociais em seus dez anos à frente do regime da Coreia do Norte, o ditador Kim Jong-un tem tentado reforçar a imagem de líder forte do país, ao ampliar o número de aparições públicas, retirar fotos dos antecessores de uma sala de reuniões do partido, criar um termo para ressaltar sua ideologia e até emagrecer 20 quilos para parecer mais saudável.

As informações são do Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul e foram repassadas a parlamentares em Seul nesta quinta (28), em reunião a portas fechadas, segundo a imprensa coreana.

Kim chamou a atenção por aparecer cada vez mais magro em eventos oficiais e em fotos e vídeos divulgados pela imprensa estatal, o que levantou rumores sobre seu estado de saúde.

Um tabloide chegou a dizer que um dublê vinha aparecendo no lugar do ditador, suspeita negada nesta quinta pelo serviço de espionagem sul-coreano, disse o parlamentar Kim Byung-kee ao jornal Korea Times.

De acordo com o deputado, o ditador, que tinha 140 kg, agora pesa 120 kg, citando dados apresentados aos parlamentares —Kim, 37, tem 1,70m de altura. Mas os 20 kg perdidos não indicam uma doença, mas melhora na saúde do autocrata, segundo os agentes, que citaram técnicas de inteligência artificial e análise de vídeos em altíssima resolução para investigar as condições do ditador.

A conclusão foi corroborada pelo fato de Kim ter feito 70 aparições públicas até agora neste ano, aumento de 45% em relação ao mesmo período do ano passado.

Além do peso, o serviço de inteligência informou que o ditador retirou da sala de conferências do Partido dos Trabalhadores da Coreia fotos de seu pai, Kim Jong-il, e de seu avô, Kim Il-sung.

A decisão faria parte de uma tentativa do comando do regime de reforçar a importância do atual ditador na história do país, de acordo com o serviço de inteligência. O governo norte-coreano tem usado o termo “Kimjongunismo” para se referir à ideologia política presente hoje no país, que seria independente do “Jimjongilismo” e do “Kimilsungismo”, afirmou o deputado Ha Tae-keung ao Korea Times.

Kim tem passado pela pior crise de seu governo, agravada pelas restrições impostas pela pandemia, ainda que, segundo o serviço de inteligência, não foram encontrados sinais de surto grave de Covid-19 —a Coreia do Norte não reportou nenhum caso de infecção. O país, um dos mais fechados do mundo, também não começou a vacinar em massa sua população e rejeitou ofertas de vacinas de Rússia e China.

Por outro lado, a Coreia tem enfrentado um surto de doenças transmitidas pela água, como a febre tifóide.

Os espiões sul-coreanos também relataram que o volume de comércio entre Coreia do Norte e China, principal aliado do país, caiu dois terços no acumulado de janeiro a setembro deste ano em comparação com o ano passado, ainda de acordo com o deputado Ha.

Com a diminuição do comércio internacional, autoridades norte-coreanas têm pressionado trabalhadores a aumentar a produção para suprir a escassez de materiais. O excesso de horas de trabalho foi apontado como a causa de uma explosão numa importante fábrica de fertilizantes em agosto.

Além disso, a Coreia do Norte não tem conseguido importar papel e tinta para impressão de dinheiro, e autoridades passaram a emitir uma moeda temporária, também de acordo com o serviço de inteligência.

Para facilitar a entrada de ajuda externa, o regime tem aliviado as restrições na fronteira. O porto de Nampo, no oeste do país, já tem recebido suprimentos, e as autoridades se preparam para abrir também o porto de Yongchon. As rotas por trilhos que levam à China e à Rússia também devem ser reabertas.