Madri pede ajuda ao Exército para conter surto do novo coronavírus
Solicitação foi feita após o governo restringir o movimento de cerca de 850 mil pessoas; autoridades pedem reativação de hospitais de campanha
A capital da Espanha solicitou, nesta segunda-feira, ajuda ao Exército para combater o aumento no número de casos de Covid-19. O pedido foi feito pela chefe do governo regional de Madri — cargo equivalente ao de governadora — Isabel Diaz Ayuso, que na sexta-feira já havia anunciado a restrição do movimento da população nas áreas mais afetadas da região, medida que começou a valer nesta segunda.
Uma ação semelhante havia sido adotada entre os meses de março e abril, no pico da primeira onda da doença, quando o governo espanhol mobilizou milhares de soldados para ajudar as autoridades civis a conter o surto. Segundo Ayuso, a medida se destina a garantir a “aplicação da lei”. Ela pediu ainda a reativação dos hospitais de campanha.
Agora, a Espanha vive um aumento nas infecções, passando da marca de 10 mil novos casos por dia. Nesta segunda-feira, o país passou das 670 mil contaminações, o número mais alto na Europa Ocidental. A Covid-19 já matou 30.663 pessoas no território espanhol.
— Precisamos da ajuda do Exército para reduzir as infecções e para fortalecer o policiamento local e a aplicação da lei — disse Ayuso após se encontrar com o primeiro-ministro Pedro Sánchez para discutir estratégias de como combater a pandemia na região, a mais afetada da Espanha.
Ela também solicitou que os hospitais de campanha fossem abertos novamente. As unidades foram desativadas há cerca de três meses, quando a Espanha estava reduzindo suas medidas restritivas graças à queda na taxa de contágio.
O primeiro-ministro espanhol informou que a quantidade de militares a ser enviada a Madri seria decidida em uma reunião nesta segunda-feira entre o governo federal e o regional.
Acusações de discriminação
Na última sexta-feira, Ayuso já havia anunciado a restrição do movimento da população em algumas áreas. Cerca de 850 mil cidadãos, que representam 13% da população da região, foram afetados pela nova determinação.
A escolha das áreas gerou reclamações e foi criticada por uma suposta discriminação, já que se tratam de alguns dos locais mais pobres da capital. As autoridades, no entanto, afirmaram que a escolha foi baseada nos níveis de contágio, que, nesses lugares, excederam mil para cada 100 mil pessoas. Além disso, Ayuso informou que uma testagem maciça seria feita.
Moradores ainda criticaram a medida por ela não resolver o problema dos transportes públicos lotados, onde o vírus pode se espalhar rapidamente:
— É horrível e ruim, porque é uma discriminação. Eles deveriam regular o metrô, onde estamos embalados como sardinhas — disse Marina, uma moradora do bairro de Vallecas.