Magnata canadense é condenado a 13 anos de prisão na China e terá que pagar multa
A China condenou o magnata canadense de origem chinesa Xiao Jianhua a 13 anos de…
A China condenou o magnata canadense de origem chinesa Xiao Jianhua a 13 anos de prisão e multou sua empresa Tomorrow Holding a pagar 55 bilhões de yuans (cerca de US$ 8,1 bilhões e R$ 42 bilhões), pondo fim a uma longa saga que afetou viu muitos dos interesses comerciais de Xiao, desde que ele desapareceu em Hong Kong há mais de cinco anos.
Xiao foi considerado culpado de obter financiamento público ilegalmente, quebra de confiança, suborno e uso ilegal de fundos, de acordo com uma decisão do Tribunal Popular Intermediário de Xangai nesta sexta-feira (19). O magnata usou sua rede para oferecer fundos compartilhados e vender seguros e outros produtos de investimento, absorvendo mais de 311,6 bilhões de yuans somente de dinheiro público, segundo o tribunal.
O julgamento marcou a primeira aparição pública de Xiao desde 2017, quando ele foi retirado de seu quarto no hotel Four Seasons em Hong Kong, onde estava hospedado há vários anos depois de fugir da China. O Relatório Hurun, que compila as pessoas mais ricas da China, disse que o magnata, ex-líder estudantil na época dos protestos pró-democracia de 1989, tinha uma fortuna estimada em quase US$ 6 bilhões antes de deixar o país.
A Tomorrow Holding usou os rendimentos ilegais principalmente para a aquisição de instituições financeiras, negociação de títulos, investimentos no exterior e outros, de acordo com o tribunal. A empresa e Xiao devolveram parte dos lucros ilegais por meio da venda de ativos e da repatriação de fundos no exterior.
As ações do magnata e sua empresa “prejudicaram seriamente a ordem de gestão financeira e colocaram seriamente em risco a segurança financeira nacional”, segundo o comunicado. Xiao também foi multado pessoalmente em 6,5 milhões de yuans.
Em 2018, o Banco Central do país identificou o conglomerado de investimentos de Xiao como uma das várias “holdings financeiras” que precisavam ser examinadas em sua estrutura, transações e fontes de financiamento. Os reguladores chineses assumiram o controle de nove empresas vinculadas a Xiao em meados de 2020, depois de assumir o controle do Baoshang Bank — vinculado ao financiador — um ano antes, citando seus riscos de crédito “graves”.
O governo do presidente Xi Jinping está dando maior importância ao controle de risco financeiro em uma economia que já enfrenta ventos contrários devido aos bloqueios impostos pela Covid-19 e um mercado imobiliário em queda. Em junho, Pequim elogiou sua rede anticorrupção de instituições financeiras, que havia investigado ou penalizado dezenas de autoridades para conter riscos e reforçar a governança corporativa.
O financista recebeu uma sentença branda depois de se declarar culpado e cooperar na recuperação de bens roubados, disse o tribunal. Quando perguntado se Xiao teria permissão para visitas consulares de diplomatas canadenses, o governo da China disse que não reconhece dupla cidadania.
“De acordo com a lei chinesa, não reconhecemos a dupla nacionalidade. A China julga seus cidadãos por atos criminosos de acordo com a lei, e ele não tem direito à proteção consular de outros países”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, na sexta-feira em Pequim.