McAfee, criador do antivírus de computador, é encontrado morto na prisão
Justiça do país havia decidido por sua extradição aos EUA, onde era acusado de fraude fiscal
John McAfee, criador do antivírus que leva seu sobrenome, foi encontrado morto nesta quarta-feira (23) em sua cela onde estava detido em uma prisão espanhola, horas depois que Justiça havia autorizado sua extradição para os Estados Unidos. Ele tinha 75 anos.
Segundo um porta-voz do sistema penitenciário da Catalunha, aparentemente ele se suicidou.
McAfee, um empresário que nos últimos anos se dedicou ao comércio de criptomoedas, foi preso em outubro no aeroporto de Barcelona, acusado de suposta fraude fiscal nos EUA, e colocado em prisão preventiva enquanto aguardava a resolução do pedido de extradição.
A decisão do Tribunal Nacional espanhol, datada de 21 de junho e divulgada nesta quarta-feira, ainda era passível de apelação e análise em última instância pelo governo espanhol.
As autoridades norte-americanas solicitaram a extradição alegando que McAfee ganhou mais de US$ 10 milhões entre 2014 e 2018 graças à atividade com criptomoedas, serviços de consultoria, conferências e venda de direitos para fazer um documentário sobre sua vida.
No entanto, “ele não apresentou declarações fiscais em nenhum desses anos e não pagou nenhuma de suas obrigações fiscais”, de acordo com a ordem do Tribunal Nacional, um tribunal superior com sede em Madri.
“Para ocultar sua renda e bens”, o réu “ordenou o pagamento de parte de sua renda a terceiros e colocou propriedades no nome deles”, acrescenta o despacho, citando os argumentos da administração fiscal norte-americana, que estima a dívida do empresário em US$ 4,2 milhões antes de multas e juros.
O Tribunal Nacional concordou com a extradição por alegada infração fiscal em 2016, 2017 e 2018. Se ele for entregue e julgado, enfrentaria uma pena de até 30 anos de prisão.
McAfee fez fortuna na década de 1980 com seu antivírus, que ainda leva seu nome. Nos últimos anos, se tornou um guru no mundo das criptomoedas e chegou a afirmar que ganhava US$ 2.000 por dia com elas. Sua conta no Twitter tem mais de um milhão de seguidores.
A respeito desse negócio, o empresário foi indiciado em março pela Justiça dos Estados Unidos, em outro caso, por supostamente usar informações privilegiadas e lucrar com elas na venda de criptomoedas.
Em um tweet postado em sua conta em 16 de junho, McAfee escreveu que as autoridades dos EUA acreditam que ele tenha “criptomoedas ocultas”.
“Eu gostaria de tê-los”, mas “meus bens restantes foram todos confiscados. Meus amigos evaporaram por medo de serem associados a mim. Não tenho nada. E não tenho arrependimentos”.
No ano passado, McAfee tuitou em agosto que havia sido preso no aeroporto da Noruega por estar usando uma calcinha como máscara contra a Covid-19 —e se recusar a trocá-la ao ser abordado pelos policiais.
“Eles exigiram que usássemos máscaras. Eu coloquei minha máscara de fio dental. Eles exigiram que eu a substituísse. Eu me recusei. Briga. Cadeia. Olho roxo. Liberado”, disse na ocasião, junto a uma série de fotos que retratariam os momentos relatados.
“Estou insistindo que é o mais seguro neste momento e me recuso a usar qualquer outra coisa —pelo bem da minha saúde”, escreveu.
Após algumas horas dessa detenção, McAfee foi liberado. Sua companheira assumiu a rede social dele no período em que ficou detido, e escreveu que “a máscara de calcinha dele não recicla o dióxido de carbono exalado, como nas máscaras de ouvido”. “Ele foi preso pelo que acredita”, acrescentou.