Mergulhador morre sem oxigênio ao voltar da caverna na Tailândia
Saman Gunan, de 38 anos, ex-mergulhador da Marinha da Tailândia e havia se juntado voluntariamente à operação de resgate das 12 crianças e adolescentes e de seu treinador de futebol
Um ex-mergulhador da Marinha da Tailândia, que se juntou voluntariamente à operação de resgate das 12 crianças e adolescentes e de seu treinador de futebol presos há 13 dias em uma caverna inundada, morreu por falta de oxigênio enquanto voltava, por mergulho, para o centro de comando, após levar provisões ao grupo, anunciou o comandante da força SEAL da Marinha, Arpakorn Yookongkaew. Ele foi identificado como Saman Gunan, de 38 anos. O acidente aconteceu por volta às 2h da manhã desta sexta-feira (horário local).
Diante da perspectiva de fortes chuvas no fim de semana, falta de experiência em mergulho e ainda a desnutrição de alguns dos 12 meninos e de seu treinador de futebol, a Tailândia mobilizou um verdadeiro exército de militares e especialistas de vários países que avaliam duas principais estratégias de resgate. Na quinta-feira, mais 30 mergulhadores de elite se juntaram aos 80 já no local, enquanto as autoridades enviavam entre 20 e 30 equipes para rastrear a área sobre a caverna para tentar encontrar uma fenda ou chaminé que a ligue a superfície e evite o resgate subaquático.
— Estamos numa corrida contra a água, que continua fluindo, apesar da drenagem — disse o governador da província de Chiang Rai e chefe da célula de crise, Narongsak Osatthanakorn.
A melhora da previsão climática para hoje deu mais tempo às equipes de socorro para preparar a logística da retirada. Espera-se chuva para esta sexta-feira. Novas previsões indicaram que a precipitação mais forte, que potencialmente alagará todo o complexo, será só no domingo.
— Se a condição estiver adequada e a pessoa estiver 100% pronta, poderá sair — garantiu Osatthanakorn.
Trajeto de 11 horas
A célula de crise precisa garantir ação rápida. Segundo o governo, os mergulhadores podem levar até 11 horas para resgatar cada adolescente: seis horas para chegar até eles, e mais cinco para voltar — o trajeto de saída tem a corrente a favor.
De acordo com Poonsak Woongsatngiem, funcionário sênior de resgate do Ministério do Interior, o volume de água na caverna já foi reduzido em 40% — numa média de 1,5 centímetros por hora. A intenção é bombear e drenar o suficiente para que as crianças não precisem mergulhar — ou que mergulhem por pouco tempo e com menos risco. No atual estágio, 1,5km do trajeto seria a pé, em terrno seco, e os 2,5km restantes seriam feitos a nado ou em mergulhos mais rasos.
Mas um boletim médico dos adolescentes, obtido pela CNN, mostrou que dois dos garotos e o treinador, de 25 anos, sofrem de exaustão e desnutrição, por causa dos nove dias isolados antes de serem encontrados. E três deles têm problemas intestinais, segundo um mergulhador.
— Se você pede a um garoto de 11 anos que faça um mergulho em que um ex-mergulhador da Marinha especializado teria dificuldades, algumas crianças vão morrer — advertiu, à CNN, o ex-membro de elite da Marinha americana Cade Courtley.
Os receios sobre o resgate fazem a força-tarefa ampliar a busca por chaminés que sirvam de atalho para tirar o time sem mergulhar. Como os meninos respiram normalmente após duas semanas no ambiente, onde o ar é rarefeito, autoridades acreditam ser “muito provável” que haja chaminés ligando a caverna ao exterior.
Enquanto isso, o clima é de otimismo entre os garotos, todos fãs de futebol.
— Sempre perguntam sobre a Copa do Mundo. Disse a eles que as grandes seleções tinham ido para casa — disse um socorrista ao jornal britânico “Guardian”.