Diplomacia

Milei rejeita entrada da Argentina no Brics em carta a Lula e líderes do bloco

Promessa de campanha do ultraliberal Javier Milei, decisão já era esperada; país havia sido convidado em agosto

O presidente da ArgentinaJavier Milei, formalizou em carta a rejeição da entrada do país no Brics, grupo de países emergentes que convidou a nação sul-americana e novos integrantes para integrar o bloco em agosto. A missiva foi enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos líderes de ChinaRússiaÍndia e África do Sul, os demais membros do bloco, com data de 22 de dezembro.

Crítico de países do grupo e da proposta de ingresso argentino, Milei afirma na carta que seu governo “não considera oportuna” a entrada plena da Argentina no Brics.

“Como sabem, a marca da política externa do governo que presido há alguns dias difere em muitos aspectos da do governo anterior. Nesse sentido, algumas decisões tomadas pela gestão anterior serão revistas”, diz o texto, que reafirma a manutenção de laços bilaterais com as nações do bloco.

Em agosto, na cúpula do Brics em Joanesburgo, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, anunciou a maior ampliação do grupo desde a sua oficialização, em 2009.

Na ocasião, foram convidados a ingressar, além da Argentina, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, o Egito, o Irã e a Etiópia. Assim, o bloco passaria a ter 11 membros, com forte presença de nações do Oriente Médio. Os novos integrantes precisavam aceitar o convite para se tornarem membros plenos a partir de 1º de janeiro de 2024.

No mesmo dia do anúncio, Milei, então candidato à Presidência da Argentina, criticou a eventual entrada do país do clube de emergentes dizendo que não iria “se alinhar com comunistas”. “Nosso alinhamento geopolítico é com os Estados Unidos e Israel. Essa é a nossa política internacional”, afirmou. Poucos dias antes, o ultraliberal havia tido o melhor resultado entre pré-candidatos nas primárias argentinas, que definiram os concorrentes à Presidência.

“Isso não quer dizer que o setor privado não possa comercializar com quem quiser”, enfatizou à época. “Eu não disse que vamos deixar de comercializar com China ou Brasil, o que estou dizendo é que isso é uma questão do setor privado na qual eu não tenho que me meter.”