Morte de negociador ucraniano é cercada de mistérios
Deputado da Ucrânia diz à imprensa russa que Denis Kireyev teria sido executado por traição, mas governo nega
A morte de um dos membros da equipe ucraniana que negocia o fim da guerra com a Rússia, Denis Kireyev, está envolta em mistérios. Segundo o deputado ucraniano Alexander Dubinski, Kireyev teria sido executado no sábado, após ter sido preso sob acusação de traição. Mas um tuíte do Exército ucraniano, que informa a morte de Dubinski e outros dois agentes de inteligência, indica o contrário: “Eles morreram defendendo a Ucrânia, e seu empenho nos aproximou da vitória! Expressamos nossas sinceras condolências às famílias das vítimas. Heróis não morrem! Eles vivem enquanto nos lembramos deles! Glória à Ucrânia! Glória aos heróis!”
A versão de Dubinski foi divulgada no Pravda, jornal russo que era o órgão oficial do Partido Comunista na época soviética e depois foi privatizado. Kireyev teria sido executado pelo serviço de inteligência ucraniano, o SBU, porque estaria servindo como espião a serviço da Rússia.
Citando uma fonte anônima, o Pravda diz que Kireyev teria sido incriminado por “claras provas de traição”. Uma segunda fonte teria dito que “você sabe por que os agentes são mortos”.
Segundo o Exército ucraniano, Kireyev foi morto durante uma tarefa especial, sem maiores especificações:
“Durante a execução de tarefas especiais, foram mortos três espiões, funcionários da principal diretoria de inteligência do Ministério da Administração Interna: Alexei Ivanovich, Chibineev Valery Viktorovich e Denis Borisovich Kireyev”, diz o tuíte do Exército.
Fotos publicadas na imprensa comprovam que Kireyev esteve presente à mesa de negociações de 28 de fevereiro em Gomel, na fronteira entre Ucrânia e Bielorrússia. Seu nome, no entanto, não aparece na lista oficial de participantes da reunião e tampouco é mencionado nas legendas das fotos das grandes agências internacionais de notícias.
Ainda não está claro qual era o papel de Kireyev na equipe de negociadores. Ele tinha longa carreira no mercado financeiro e, de 2010 a 2014, foi vice-presidente do Conselho do banco ucraniano Oschadbank.
O jornal italiano La Repubblica chegou a publicar que, para o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo e um dos membros da delegação do seu país, Leonid Slutsky, ainda não estaria claro se Kireyev havia sido morto ou não:
— Denis Kireev, que já foi um banqueiro bastante conhecido, é atualmente, até onde eu sei, uma pessoa de confiança do chefe da delegação ucraniana, Davyd Arakhamia — disse Slutsky. — Não há ainda informações que confirmem o seu assassinato e não descarto que em breve a notícia seja desmentida.
Uma nova rodada de negociações para o fim da guerra está prevista para ocorrer nesta segunda-feira.