Discordâncias ideológicas

No aniversário de 90 anos, Fidel Castro critica Obama

Em carta, ex-presidente de Cuba criticou o presidente norte-americano por não ter sido enfático em seu pedido de desculpas aos japoneses durante uma visita a Hiroshima

O ex-presidente cubano Fidel Castro, que completa 90 anos neste sábado, escreveu uma longa carta agradecendo aos cubanos por seu apoio e novamente criticando o presidente dos EUA, Barack Obama. “Quero expressar minha mais profunda gratidão pelas demonstrações de respeito, cumprimentos e elogios que recebi nos últimos dias, o que me dá forças para retribuir com ideias que transmitirei a militantes do partido e organizações relevantes”, escreveu na carta divulgada pela mídia estatal de Cuba.

Ao longo da carta, ele relembra momentos de sua infância e juventude. Também critica Obama, que parece ter irritado o líder revolucionário ao pedir, durante uma viagem a Cuba em março, que os cubanos olhem para o futuro. Fidel Castro também critica o presidente norte-americano por não ter sido suficientemente enfático em seu pedido de desculpas aos japoneses durante uma visita a Hiroshima em maio.

Ele se afastou do poder em 2006, por motivos de saúde, e deixou o governo nas mãos de seu irmão, Raúl Castro, então vice-presidente.

Nas últimas semanas, centenas de atividades foram anunciadas em sua homenagem, desde a conclusão de moradias populares até o reflorestamento de áreas ao redor de seu povoado natal de Birán. Em casas e comércios da ilha foram colocadas fotos do líder. As comemorações são relativamente discretas em comparação aos eventos de larga escala planejados para seu aniversário de 80 anos. Neste sábado, a mídia estatal mostrou imagens do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, chegando em Havana. Uma homenagem a Fidel está programada para um teatro da capital no domingo à noite.

A aparição pública mais recente de Fidel foi em abril, no encerramento de um congresso do Partido Comunista Cubano. Na ocasião, o líder pediu que Cuba mantenha seus ideais socialistas em meio à normalização das relações com os EUA.

A necessidade de laços econômicos mais estreitos com os EUA se tornou mais urgente por causa da crise na Venezuela, principal aliado de Cuba. Com a economia venezuelana em queda livre, diminuiu o fluxo de petróleo subsidiado para Cuba. Enquanto isso milhares de cubanos estão emigrando para os EUA, diminuindo a oferta de mão de obra qualificada na ilha.

O turismo, segmento mais próspero da economia cubana, deve receber um impulso considerável com a retomada dos voos comerciais entre Cuba e os EUA, em 31 de agosto.