‘No Brasil, nunca ia ser preso’, diz irmã de vítima de brasileiro capturado nos EUA
Válter Júnior dos Reis foi assassinado por Danilo Cavalcante em 2017; ele foi condenado nos Estados Unidos por homicídio de maranhense
Irmã de Válter Júnior dos Reis, assassinado a tiros por Danilo Cavalcante, capturado pelas forças policiais americanas nesta quarta-feira, Dayane dos Reis, de 27 anos, conta ao GLOBO que a prisão do brasileiro fez a sua família se livrar de uma angústia de duas semanas, tempo que o criminoso ficou foragido.
— Ficamos contentes. Foram duas semanas de angústia, mas agora estamos em paz. Se ele não fosse pego nos Estados Unidos ele nunca ia ser preso. No Brasil, nunca ia ser preso — disse ao GLOBO Dayane dos Reis.
Cavalcante foi condenado à prisão perpétua no estado da Pensilvânia pela morte da maranhense Déborah Brandão, em 2021. Antes, em 2017, ele havia matado Válter dos Reis na cidade de Figueirópolis (TO), mas escapou para os Estados Unidos, onde tem parentes.
O brasileiro fugiu da prisão do condado de Chester no dia 31 de julho. As buscas mobilizaram amplo efetivo de agentes de segurança, e uma recompensa de cerca de US$ 25 mil, o equivalente a R$ 123 mil. chegou a ser oferecida. Segundo o tenente-coronel George Bivens, da polícia estadual da Pensilvânia, a captura do brasileiro culminou de uma série de acontecimentos desde a meia-noite desta quarta. Tudo começou quando o alarme de uma residência tocou no perímetro das buscas pelo brasileiro.
— Nosso pessoal investigou isso [essa pista], mas não achou Cavalcante nem ninguém. Porém isso levou policiais para essa área. Perto de 1 da manhã, detectamos [pistas] de imagens térmicas [aéreas]. Mas, por causa do tempo e raios, a aeronave precisou sair da área, que foi cercada. Hoje, após 8 da manhã, equipes táticas convergiram para um local com sinais de imagens térmicas. Danilo não sabia que estava cercado, foi surpreendido — destacou Bivens.
Os policiais usaram a tecnologia de imagens térmicas — que flagram a temperatura corporal mais alta de um ser humano em determinada paisagem — para localizar Cavalcante. De acordo com George Bivens, o brasileiro tentou fugir com uma arma de fogo em mãos e resistiu à captura.
— Ele rastejou carregando o rifle [que havia roubado de um morador da região dias antes]. Um dos agentes estava com um cão, soltou esse cão. Ele foi cercado, o cão derrubou ele, que continuou a resistir. Ninguém ficou ferido, mas ele teve um ferimento leve de mordida [de cachorro]. Ele foi levado sob custódia e vai ser transferido para uma unidade prisional onde retomará o cumprimento de pena — afirmou Bivens, segundo quem, apesar do sangramento, a lesão na cabeça de Cavalcante não foi grave.