Cosa Nostra

“O Poderoso Chefão”: morre Matteo Messina Denaro, líder da máfia siciliana, aos 61 anos

Italiano foi um dos chefes mais cruéis da Cosa Nostra, retratado nos filmes da saga hollywoodiana estrelada por Marlon Brando e Al Pacino

Messina Denaro teria sido um dos chefes mafiosos mais cruéis (Foto: ESCRITÓRIO DE IMPRENSA DA CARABINIERI ITALIANA)

O líder da máfia siciliana Matteo Messina Denaro, 61, capturado em janeiro depois de passar três décadas foragido, morreu em um hospital do centro da Itália, confirmaram as autoridades da cidade de L’Aquila. Messina Denaro foi um dos chefes mais cruéis da Cosa Nostra, retratado nos filmes da saga “O Poderoso Chefão”.

Messina Denaro sofria de câncer de cólon, pelo qual foi tratado durante seu período como fugitivo, decisão que chamou a atenção das autoridades, que o detiveram em uma clínica em Palermo. Ele recebia tratamento na penitenciária de segurança máxima de L’Aquila, mas, com o agravamento de seu estado de saúde, o criminoso foi transferido para um hospital no mês passado.

O prefeito de L’Aquila, Pierluigi Biondi, confirmou a morte do mafioso no hospital “após o agravamento da doença”, em declarações divulgadas pela agência de notícias ANSA, a primeira a informar o falecimento de Messina Denaro. A morte “encerra uma história de violência e sangue“, disse Biondi, que agradeceu aos funcionários da penitenciária e do hospitalar pelo “profissionalismo e humanidade”.

“Foi o epílogo de uma existência vivida sem remorsos nem arrependimentos, um capítulo doloroso na história recente da nossa nação”, acrescentou.

Messina Denaro: “O Poderoso Chefão” da máfia siciliana

Ele foi condenado pelos tribunais por seu envolvimento no assassinato do juiz antimáfia Giovanni Falcone, em 1992, e em ataques mortais em Roma, Florença e Milão, em 1993.

Messina Denaro foi um dos chefes mais cruéis da Cosa Nostra — Foto: ITALIAN CARABINIERI PRESS OFFICE / AFP
Messina Denaro foi um dos chefes mais cruéis da Cosa Nostra — Foto: ITALIAN CARABINIERI PRESS OFFICE / AFP

Uma das seis penas de prisão perpétua contra ele foi proferida pelo sequestro e posterior assassinato do filho de 12 anos de uma testemunha no caso Falcone.

Messina Denaro havia desaparecido no verão de 1993 e passou os 30 anos seguintes em fuga, enquanto o Estado italiano reprimia a máfia siciliana.

No entanto, ele permaneceu no topo da lista dos mais procurados da Itália e acabou se tornando uma figura criminosa lendária.

Em 16 de janeiro de 2023, foi preso durante visita a uma clínica, onde era tratado com identidade falsa.

‘Coma irreversível’

Nesse fim de semana, a mídia noticiou que Denaro estava em “coma irreversível”. Os médicos pararam de alimentá-lo e ele havia pedido para não ser reanimado, acrescentaram.

Após a fuga de Messina Denaro, houve intensa especulação de que ele teria ido para o exterior. Mas depois as autoridades descobriram que ele tinha permanecido perto da sua cidade natal, Castelvetrano, no oeste da Sicília.

Os investigadores vasculharam o interior da Sicília durante anos em busca de Denaro, procurando esconderijos e interceptando membros de sua família e amigos. Eles foram ouvidos falando sobre os problemas médicos de uma pessoa anônima que sofria de câncer e problemas oculares. Os detetives tinham certeza de que a identidade correspondia a Messina Denaro.

Os policiais utilizaram uma base de dados do sistema nacional de saúde para procurar pacientes do sexo masculino com a idade e o histórico médico adequados e, finalmente, conseguiram concluir o caso.

Embora a prisão dele tenha trazido algum alívio às vítimas, o chefe da máfia sempre manteve o silêncio. Em entrevistas sob custódia, Messina Denaro chegou a negar que fosse membro da Cosa Nostra.

A cerimônia de sepultamento deve acontecer no túmulo da família na localidade, ao lado de seu pai, Don Ciccio, segundo o jornal Corriere della Sera. Don Ciccio também era chefe do clã local. Os rumores afiram que ele teria falecido vítima de um ataque cardíaco enquanto fugia e que seu corpo foi abandonado no campo, vestido para o funeral.