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O que aconteceu com a estudante que tirou a roupa em público no Irã?

Ahoo Daryaei foi detida após caminhar pela universidade vestindo apenas roupas íntimas

A estudante iraniana Ahoo Daryaei, que tirou a roupa em público na Universidade Islâmica Azad, em Teerã, tornou-se símbolo de resistência ao rígido código de vestimenta islâmico do país. A ação, que ocorreu em 2 de novembro, gerou repercussão internacional e intensa discussão nas redes sociais, com muitos internautas especulando que ela poderia ser executada pelas autoridades do Irã.

Nesta semana a Justiça iraniana declarou que Ahoo não enfrentará processo judicial. De acordo com o porta-voz do poder judiciário, Asghar Jahangir, ela foi encaminhada para um hospital, onde recebeu cuidados médicos e, posteriormente, entregue à família.

“A Justiça não iniciou nenhum procedimento judicial contra ela. Atualmente, está sob os cuidados de seus familiares”, afirmou Jahangir.

Ahoo Daryaei foi detida após caminhar pela universidade vestindo apenas roupas íntimas, em um ato que ativistas consideraram um protesto contra o assédio dos agentes de segurança. Segundo a embaixada do Irã em Paris, ela foi transferida para um centro de tratamento especializado.

Autoridades iranianas classificaram o caso como uma questão social. “Não olhamos para isso sob uma lente de segurança. Estamos tratando como um problema individual, buscando resolver as questões da aluna”, disse Fatemeh Mohajerani, porta-voz do governo.

Por outro lado, a Anistia Internacional afirmou que a prisão foi violenta e que o ato da estudante que tirou a roupa em público foi um protesto contra a aplicação abusiva do uso obrigatório do véu.

Jovem tira a roupa em público no Irã; vídeo

Contexto de repressão no Irã

O caso da jovem que tirou a roupa em público no Irã ocorre em meio a uma crescente resistência de mulheres iranianas às leis que obrigam o uso do véu e vestimentas largas. Desde a morte de Mahsa Amini, jovem curda iraniana que faleceu sob custódia da polícia da moralidade em setembro de 2022, por supostamente violar o código de vestimenta, protestos têm se espalhado pelo país.

Ahoo Daryaei, mãe de dois filhos e separada do marido, foi chamada de “indivíduo problemático” por autoridades e não tem previsão de retorno à universidade. Enquanto isso, internautas continuam acompanhando o caso, que reacende o debate sobre liberdade e repressão no Irã.