Parlamento israelense aprova governo de coalizão entre Netanyahu e Gantz
Líderes fundamentaram decisão na pandemia do coronavírus; julgamento do primeiro-ministro começa na próxima semana
O Parlamento israelense aprovou, neste domingo, o governo de coalizão liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu ex-rival Benny Gantz, encerrando a maior crise política da história recente do país. No total, 73 dos 120 deputados aprovaram a moção de confiança, ou seja, 12 a mais do que o mínimo exigido. A votação foi originalmente marcada para quinta-feira passada, mas acabou sendo adiada para finalizar detalhes sobre a distribuição dos ministérios.
Após três eleições inconclusivas, o conservador Netanyahu permanecerá primeiro-ministro por 18 meses antes de entregar o cargo a seu novo parceiro. Gantz, ex-chefe das forças armadas, será ministro da defesa de Netanyahu e “primeiro-ministro alternativo”. Posição que Netanyahu ocupará quando Gantz assumir o comando.
Ao assumir o posto de primeiro-ministro alterniativo, Netanyahu espera evitar ter que renunciar de acordo com as regras legais que permitem que um primeiro-ministro permaneça no cargo, mesmo se acusado de um crime.
O líder mais antigo de Israel, Netanyahu, de 70 anos, chegou ao poder em 1996 e cumpriu três mandatos consecutivos desde 2009. Ele será julgado em 24 de maio por acusações de suborno, quebra de confiança e fraude. Ele nega.
“O povo queria unidade, e é isso que conseguiu”, disse Netanyahu ao parlamento, citando o desejo de evitar uma quarta eleição e a necessidade de uma batalha nacional contra a crise do coronavírus.
Gantz, de 60 anos, havia citado as acusações criminais contra Netanyahu após a última eleição em março, quando prometeu a seus eleitores que não atuaria em um governo com o líder conservador.
Irritando muitos de seus partidários e dividindo o próprio partido, ele fez um acordo no final, dizendo que a crise do coronavírus tornava a unidade nacional um imperativo. O novo gabinete terá um recorde de 36 ministros. Vários novos postos foram criados para garantir que Netanyahu e Gantz possam trazer pessoas leais para junto deles.
O líder da oposição Yair Lapid ridicularizou a motivação da coalizão. Ele observou que o número de israelenses infectados com a Covid-19 em ventiladores havia caído tanto que o novo governo “poderia colocar um ministro ao lado de cada leito”.
Com o o acordo selado, Netanyahu agora pode levar adiante seu plano de estender a soberania israelense aos assentamentos judaicos e ao Vale do Jordão na Cisjordânia, território ocupado pelos palestinos querem formar no local um estado independente reconhecido.
“Essas regiões são onde a nação judaica nasceu e se levantou. É hora de aplicar a lei israelense e escrever outro grande capítulo nos anais do sionismo”, disse ele.