Crise no chile

Peso chileno vai ao seu menor valor histórico com greve geral

​O presidente do Banco Central chileno, Mario Marcel, disse na segunda (11) que está disposto a agir em face a "situações anormais"

Foto tirada em Santiago no dia 12 de novembro de 2019. (Foto: Bruno Kaiuca/Zimel Press/Folhapress)

O peso chileno foi ao seu menor valor em relação ao dólar nesta terça-feira (12). Com a greve geral no país e com o anúncio do governo de que vai mudar a Constituição, o dólar subiu 3% nesta sessão e foi a 783,82 pesos, segundo cotação da Bloomberg, nova máxima histórica. O patamar superou a máxima de 2002, quando o dólar valia 750 pesos. Em casas de câmbio da capital Santiago, o dólar superou os 800 pesos.

​O presidente do Banco Central chileno, Mario Marcel, disse na segunda (11) que está disposto a agir em face a “situações anormais” e que a instituição tem uma variedade de instrumentos para isso. Ao mesmo tempo, Marcel pediu calma e ressaltou que a situação fiscal do Chile permanece sólida.

A série de protestos que o país enfrenta há quatro semanas levaram a uma alta de 10,37% do dólar no período. As manifestações começaram como crítica à alta da tarifa de metrô, já revogada, e passaram a questionar a desigualdade social e o aumento do custo de vida, bem como a atual Constituição, herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

A Carta atual, vigente desde 1980, é apontada como origem das desigualdades por especialistas e manifestantes. Desde que foi escrita e promulgada, a Constituição teve mais de 200 modificações em 40 artigos, mas críticos dizem que a ela falta legitimidade. Além disso, o documento não determina que o Estado deva oferecer saúde e educação como direitos.

Além da própria depreciação do peso com a crise que o país enfrenta, os investidores no país tendem a alocar recursos na moeda americana como proteção a risco, já que o dólar é um dos investimentos mais seguros do mundo.

No momento, o maior temor de investidores é o resultado da nova Constituição. A Bolsa chilena caiu 1,6% nesta terça e acumula um recuo de 11,5% desde que os protestos começaram.

Também nesta sessão, o risco-país chileno medido pelo CDS (Credit Default Swap) de cinco anos disparou 12%, a 47 pontos, maior valor desde junho.

Nesta terça, o real sofreu os efeitos da crise no Chile e na Bolívia, que se encontra sem governo após a renúncia de Evo Morales. No Brasil, a cotação do dólar subiu 0,62% na sessão e voltou a R$ 4,1680, mesmo valor da última sexta (8) com a saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão em Curitiba.