Porta-voz de Biden ensina diferença entre vacinados e não vacinados a repórter da Fox News
'Sem vacina, você tem 17 vezes mais chances de ser hospitalizado e 20 vezes mais chances de morrer', disse
Uma fala da secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, viralizou nas redes sociais depois que ela deu uma resposta didática a um repórter da Fox News explicando a diferença entre vacinados e não vacinados contra a Covid-19.
Era uma entrevista coletiva de rotina, concedida por Psaki nesta segunda-feira (10) a jornalistas de vários veículos. O repórter Peter Doocy, que cobre assuntos da Presidência como correspondente da emissora de viés conservador, havia feito uma série de questionamentos a Psaki sobre, por exemplo, a capacidade de testagem dos Estados Unidos e os decretos de vacinação obrigatória, e emendou outra pergunta.
“Eu entendo que a ciência diz que as vacinas previnem contra morte [por coronavírus]. Mas eu tomei três doses e ainda peguei Covid. Você tomou três doses e ainda pegou Covid. Por que o presidente ainda está se referindo a isso como uma ‘pandemia dos não vacinados’?”
Doocy estava questionando a linguagem utilizada por Joe Biden ao se referir à crise sanitária, mas Psaki aproveitou a deixa para explicar o que a ciência diz sobre o efeito das vacinas.
“Eu recebi três doses da vacina. Tive sintomas mais leves. Você tem 17 vezes mais chances de ser hospitalizado se não for vacinado, e 20 vezes mais chances de morrer”, afirmou a porta-voz, citando dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).
“Essas são estatísticas significativas e sérias”, continuou Psaki. “Então, sim, o impacto para as pessoas não vacinadas é muito mais terrível do que para as vacinadas.”
O repórter da Fox News, então, insistiu na questão da expressão utilizada por Biden. “O presidente vai atualizar sua linguagem em algum momento para refletir mais o fato de que pessoas com três doses da vacina estão pegando e espalhando Covid?”
Em resposta, Psaki reforçou seu argumento de há uma diferença significativa entre estar vacinado e manifestar sintomas leves e não estar vacinado e ser hospitalizado ou morrer em decorrência da doença.
Sua fala ecoa o que tem dito Anthony Fauci. O principal infectologista dos EUA e conselheiro da Casa Branca no combate à Covid-19 defende que o país deve se concentrar menos no número de infecções e mais no de hospitalizações e mortes.
De fato, o país vive uma explosão de casos, o que se atribui ao potencial de maior transmissibilidade da variante ômicron, responsável por 95,4% das novas infecções, de acordo com o último balanço do CDC.
Em um mês, a média móvel de casos diários nos EUA cresceu 527% —de 120,2 mil em 11 de dezembro a 754,2 mil nesta segunda. Já a média móvel de mortes subiu de 1.286 a 1.646 no mesmo período. Apesar da alta de 28%, a cifra atual é cerca de metade do número de óbitos registrados diariamente há um ano, quando a vacinação nos EUA ainda engatinhava.
Atualmente, segundo dados do portal Our World in Data, 74,41% dos americanos receberam ao menos uma dose do imunizante contra o coronavírus, 62,10% estão com esquema completo e 22,8% receberam a dose de reforço.
Enquanto o país esbarra na hesitação vacinal, motivada principalmente pela desinformação e pelo movimento antivacina, o número de internações disparou e está prestes a superar o recorde registrado em janeiro do ano passado, segundo levantamento do jornal Washington Post.
Nesta segunda-feira, 141.385 pacientes estavam hospitalizados com Covid-19 nos hospitais americanos. O pico, registrado em 14 de janeiro de 2021, foi de 142.273.