Europa

Porta-voz de Putin diz que Rússia é contra uso de armas nucleares, mas que ‘situação está mudando’

Porta-voz do presidente da Rússia, Vladimir Putin, critica "posição irresponsável" do ocidente e vê sinais de uma terceira guerra mundial

Presidente da Rússia, Vladimir Putin (Foto: Reprodução)

Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, o porta-voz do presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirma que o governo russo sempre foi historicamente contrário ao uso de armas nuclares, mas que “a situação está mudando drasticamente”.

“A Federação da Rússia tem uma posição muito responsável em relação a essa questão. E está convencida de que as armas nucleares nunca devem ser usadas por ninguém. Por isso fazemos o possível para que nunca sejam usadas. Mas a situação está mudando drasticamente”, afirma o diplomata Dmitri Peskov, de 57 anos.

Peskov afirmou que há “sinais” de que o mundo está à beira da Terceira Guerra Mundial e criticou a “posição irresponsável” das potências ocidentais. Sustentou que a Rússia vive em uma democracia em que apenas “quem viola a lei vai preso” e revelou que o Kremlin não usará “óculos cor-de-rosa” em relação a Trump, que impôs 56 sanções ao país em seu primeiro mandato como presidente dos EUA.

Veja trechos da entrevista do porta-voz de Putin

Guerra com a Ucrânia

[Antes da guerra] O presidente Putin sugeriu várias vezes [às outras potências] sentarmos à mesa para discutirmos as preocupações da Rússia [com a situação de Kiev]. Washington e as capitais europeias recusaram as negociações.

É por isso que [a Rússia] começou o que chamamos de operação militar especial contra o regime de Kiev. Foi a última medida depois que todas as possibilidades de resolução pacífica foram rejeitadas.

Washington, Paris, Berlim, Londres e muitos outros países europeus se uniram então direta ou indiretamente ao confronto, enviando [à Ucrânia] os armamentos que atiram contra os nossos soldados e contra os russos que vivem nas regiões fronteiriças. A operação se transformou, de fato, em uma guerra com a participação direta do Ocidente coletivo [como a Rússia se refere a nações alinhadas com os EUA].

Armas nucleares

A Federação da Rússia tem todo o potencial necessário para defender a sua soberania. O fato de seguirmos com a operação militar especial [na Ucrânia] é indicação de que vamos garantir plenamente todos os nossos interesses e a nossa segurança. E nós vamos fazer isso, custe o que custar.

Para nós, a preferência, a prioridade, é sempre fazer isso por meios diplomáticos e políticos. Mas, se neste momento não houver essa possibilidade, nós continuaremos [adotando] os métodos de guerra.

O que nós vemos neste momento é uma posição irresponsável dos países nucleares ocidentais, com ações que de fato colocam a paridade nuclear em questão. Nós pedimos que recuem.

Eles estão usando a Ucrânia como um instrumento para a opressão total da Rússia. Os ucranianos, como tal, não têm importância. Eles não têm pena dos ucranianos que estão morrendo. O mais importante é derrotar a Rússia, como eles mesmos disseram.