Violência

Prefeito é assassinado em um dia violento na Colômbia

O prefeito de Guachené, Elmer Abonía Rodríguez, foi assassinado por desconhecidos em uma zona rural do município

O prefeito de Guachené, Elmer Abonía Rodríguez, foi assassinado por desconhecidos em uma zona rural do município

RIO DE JANEIRO, RJ (AGÊNCIA O GLOBO): Um prefeito e cinco indígenas foram assassinados em dois eventos distintos nesta sexta-feira (22), em um dia violento na véspera de Natal no departamento colombiano de Cauca, onde abundam as plantações de folha de coca e maconha, informaram as autoridades.

O prefeito de Guachené, Elmer Abonía Rodríguez, foi assassinado durante a noite por desconhecidos em uma zona rural do município, informou o Ministério Público local nas redes sociais.

Horas antes, na madrugada, uma comunidade indígena do povo Nasa foi abalada pelo massacre de cinco de seus membros, incluindo um menor de 15 anos, no município vizinho de Santander de Quilichao, a cerca de 20 quilômetros de distância.

Por volta das 04h (09h no horário de Brasília), homens armados invadiram a casa do professor Jhon Freiman Ramos e atiraram em sua família. Além do professor, morreram sua esposa Yisel Menza e sua filha menor, Jelen Ramos, segundo boletim da Associação dos Conselhos Indígenas do Norte do Cauca, que também lamentou o assassinato de outros dois homens na mesma reserva.

‘Situação complexa’

Eleito em 2019 pelo Partido Liberal, o prefeito Abonía Rodríguez estava prestes a encerrar o mandato, que vai até 31 de dezembro. Segundo a imprensa local, ele foi baleado no final de um evento público numa localidade rural chamada Cabito.

Em setembro, o presidente denunciou uma “situação complexa de ordem pública” e pediu “apoio do governo e das forças públicas” numa entrevista à televisão RCN, a propósito da morte de uma menina durante um tiroteio em Guachené.

“As capacidades do município são insuficientes”, afirmou. Naquele mesmo mês, o vereador William Fory, que buscava a reeleição, foi assassinado.

Cultivo de drogas

A área concentra grandes áreas de cultivo de drogas e ali operam dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), negociando com o presidente Gustavo Petro após rejeitar o acordo de paz de 2016.

O governo de Petro, o primeiro governo de esquerda na Colômbia, pretende extinguir completamente o último conflito armado interno no continente por meio de conversações de paz ou benefícios criminosos a grupos de drogas que concordem em desmantelar “pacificamente” o negócio.

No entanto, a sua chamada política de “Paz Total” ainda não consegue parar a espiral de violência que envolve o país após o desarmamento das FARC.

Trégua

Desde Janeiro, as mortes por violência política aumentaram quase continuamente, quebrando a tendência decrescente que se verificava desde o final de 2020, segundo a ONG Conflict Analysis Resource Center (CERAC).

O chamado Estado-Maior Central, o principal grupo dissidente das FARC que opera na área, concordou no início do ano com um cessar-fogo com as forças estatais. A trégua permanece em vigor apesar de várias violações do cessar-fogo.

– Para nós a situação é muito delicada. Nos últimos quatro anos já tivemos situações contra a vida de lideranças comunitárias indígenas, professores e ativos sociais do setor. Pedimos que os crimes sejam esclarecidos-, disse ele à Blu Radio la alcaldesa de Santander de Quilichao, Lucy Amparo Guzmán..