Preocupação com China e variante delta do coronavírus derrubam Bolsas mundiais
Movimento foi aprofundado por realização de lucros e expectativas diante de balanços e reunião do Fed
As medidas de intervenção estatal anunciadas pelo governo chinês e o avanço no número de infectados pela nova variante delta do coronavírus trouxeram mais um dia negativo para os mercados globais.
De um lado, há o temor de que novos lockdowns sejam necessários e o risco de que a recuperação econômica demore a acontecer diante do avanço do número de casos de Covid-19. De outro, os investidores estão receosos em relação a ameaças de intervenção da China nos mercados de tecnologia, imobiliário e de educação.
“O governo chinês usa como pretexto [para intervenção estatal] o uso de informações das empresas de tecnologia, as questões em torno do controle que o Estado possui na educação e no setor imobiliário e que existe a possiblidade de uma bolha, algo que alguns players do mercado já discutem há algum tempo”, afirmou Matheus Jaconeli, economista da Nova Futura Investimentos, em relatório.
Com o cenário de maior aversão ao risco, Bolsas ao redor do mundo encerraram o dia no vermelho.
No Brasil, o Ibovespa, principal índice acionário do país, perdeu os 125 mil pontos e encerrou em queda de 1,10%, aos 124.612 pontos.
Segundo Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, além do peso do mercado internacional, também pesou o dia de realização de lucro das commodities metálicas –como minério de ferro –, diante das altas vistas na véspera.
As ações da Vale, por exemplo, fecharam a sessão com queda de 2,12%, a R$ 114,12.
“Vale destacar também a queda das empresas ligadas ao setor doméstico, com a curva de juros voltando para os níveis da crise de 2020 e os investidores elevando as apostas de Selic na faixa de 7% ainda neste ano, tendo em vista os dados da inflação”, afirmou.
No exterior, os índices americanos Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq encerraram com perdas de 0,24%, 0,47% e 1,21%, respectivamente.
Segundo Braulio Langer, analista da Toro Investimentos, outro fator que também pode ter pesado nas Bolsas americanas é a temporada de balanços –nesta terça preenchida por grandes nomes, como Google, Apple e Microsoft.
“Houve uma forte realização de lucro nos mercados externos, principalmente na Nasdaq por conta do balanço das big techs. É um movimento global e que acabou refletindo no Brasil também”, disse.
Na Europa, o Euro Stoxx 50, um dos principais índices acionários da região, encerrou em queda de 0,92%. As Bolsas da Inglaterra, da Alemanha e da França seguiram o mesmo caminho e tiveram perdas de 0,42%, 0,64% e 0,71%, respectivamente.
Ainda de acordo com os analistas, outro fator que pode ter influenciado nos mercados é a adoção de posições mais defensivas por parte dos investidores, na expectativa para o desfecho da reunião de política monetária do Federal Reserve (banco central americano).
No câmbio, após uma sessão volátil, o dólar encerrou estável em relação ao real, cotado em R$ 5,1750.