Quinta candidata a vacina contra Covid-19 entra em fase final de testes
A farmacêutica Moderna anunciou nesta segunda-feira que começou, apoiada pelo governo dos Estados Unidos, a…
A farmacêutica Moderna anunciou nesta segunda-feira que começou, apoiada pelo governo dos Estados Unidos, a terceira e última fase de testes para avaliar os resultados de sua vacina contra Covid-19 em cerca de 30 mil voluntários adultos sem o novo coronavírus. Esta é a quinta vacina a entrar nos estágios avançados de testes. É também o maior número de pessoas testadas com um imunizante candidato contra o novo coronavírus até o momento.
O Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês) informou, por meio de um comunicado, que a vacina da Moderna pode ter sua eficácia comprovada até o fim do ano. “Ter uma vacina segura e eficaz (contra a Covid-19) sendo distribuída até o fim de 2020 é um objetivo ousado, mas é a meta adequada para o povo dos EUA”, disse o diretor do NIH, Francis Collin, ao anunciar a terceira fase do ensaio.
O teste, batizado de COVE, é o primeiro a ser implementado em uma operação montada pelo governo americano que visa acelerar o desenvolvimento, fabricação e distribuição de uma vacina contra a Covid-19. Os EUA estao investindo US$ 1 bilhão (R$ 5,1 bilhões) na pesquisa.
Por conta da pandemia do novo coronavírus, a farmacêutica recebeu autorização do governo americano para acelerar o processo de pesquisa —mantendo os padrões de segurança e a sequência das pesquisas.
O último estágio do ensaio clínico é formatado para avaliar a segurança da vacina, que trabalha com a tecnologia de RNA mensageiro, ou seja, uma versão sintética do material genético do coronavírus Sars-CoV-2 capazes de estimular respostas imunes. Caso a eficácia seja comprovada, a pesquisa também deverá definir se uma dose é suficiente ou se será necessaria uma segunda aplicação e se a fórmula é capaz de prevenir mortes causadas pela Covid-19.
Dose dupla
Os voluntários serão divididos entre um grupo que receberá duas doses ao longo de 28 dias e outro que lidará com um placebo. Nem os investigadores nem os participantes saberão quem integra cada divisão para garantir a independência dos resultados. A Moderna afirma que pretende entregar 500 milhões de doses até dezembro, podendo ampliar a capacidade de produção anual para 1 bilhão a partir de 2021.
Ainda segundo Collins, outros três ensaios clínicos deverão entrar no estágio final “em breve nos EUA”: os da vacina candidata da Novavax, da fórmula testada pela Universidade de Oxford (Reino Unido) em parceria com a farmacêutica AstraZeneca e o imunizante testado pela Johnson & Johnson, todos financiados pela chamada Operação Dobra Espacial (Warp Speed, em inglês), coordenada pela Casa Branca.
Os ensaios da vacina testada pela Pfizer em parceria com a BioNTech também começarão neste mês, mas, diferentemente das outras companhias, as duas empresas só receberão dinheiro do governo americano caso suas fórmulas se demonstrem eficazes e seguras.
Em todo o mundo, cinco candidatas à vacina estão na fase 3 de estudos, de acordo com um balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS). É somente depois desta prova, em um número maior de participantes, que uma vacina pode ou não ser licenciada e liberada para a comercialização. São elas: Sinovac (China), Instituto Biológico de Wuhan/Sinopharm (China), Instituto Biológico de Pequim/Sinopharm (China), Oxford/AstraZeneca (Reino Unido) e agora a Moderna/NIAID (EUA).
Vacinas testadas no Brasil
Das cinco, duas delas estão em testes na fase 3 no Brasil: a desenvolvida pela universidade britânica de Oxford e a da chinesa Sinovac. A da Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca é a mais adiantada no mundo e, também, a mais avançada em termos de desenvolvimento, segundo a OMS. Ela começou a ser testada em 22 de julho em voluntários brasileiros, em um estudo liderado no país pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Instituto D’Or (Idor).
Já a vacina da chinesa Sinovac começou a ser testada em 21 de julho no Brasil. Os testes começaram após a companhia fechar acordo com o Instituto Butantan, de São Paulo, o que pode levar à produção da vacina no Brasil caso os testes demonstrem a eficácia do produto. Ao todo, 9 mil profissionais da saúde devem participar desta fase de testes no Brasil.