Energia Nuclear

Reino Unido aprova construção de nova usina nuclear no país

Projeto de 18 bilhões de libras, que será feito em Hinkley Point, gerou questionamentos

O governo do Reino Unido aprovou, nesta quinta-feira (15), a construção de uma controversa usina nuclear no país, a primeira em mais de uma geração, meses depois de frustrar investidores na China e na França ao adiar sua aprovação.

A decisão da primeira-ministra Theresa May de postergar, em julho, a decisão sobre o projeto de 18 bilhões de libras, que será feito em Hinkley Point, no sul do país, gerou questionamentos de que ela iria tomar uma aproximação mais cautelosa em relação ao investimento estrangeiro do que seu predecessor. Agora, sua decisão de continuar sugere que ela quer sinalizar que o Reino Unido continua aberto a estrangeiros.

No entanto, o governo sublinhou ter acrescentado algumas condições. Ele imporia novas previsões legais dentro do projeto para poder intervir em uma possível venda pela empresa parcialmente controlada pelo Estado francês, a Électricité de France (EDF), uma vez que o projeto esteja em operação.

As condições “significam que, embora o Reino Unido permaneça uma das economias mais abertas do mundo, o público pode ter certeza de que o investimento estrangeiro trabalhe pelos melhores interesses do país.”

A primeira-ministra conversou com o presidente francês, François Hollande, antes da aprovação do projeto, e deve falar ao Parlamento ainda nesta quinta-feira.

O governo francês e a EDF, que detém cerca de 66% do projeto, elogiaram a decisão. A China General Nuclear Power (CGN) também afirmou estar “contente” com a decisão do governo. “A CGN espera poder utilizar sua experiência de 30 anos em construir e operar usinas nucleares para ajudar com as necessidades de energia do Reino Unido”, afirmou a empresa.

O projeto de Hinkley Point deve fornecer cerca de 7% da demanda britânica por energia elétrica nos próximos 60 anos, disse o governo. Críticos citam problemas de segurança ao permitir que uma companhia chinesa tenha acesso à infraestrutura crítica do país, entre outras questões.

O projeto também gerou controversas na França, com alguns integrantes da EDF e sindicatos de trabalhadores preocupados com o impacto sobre as finanças da companhia. Um do membro do conselho da estatal e o diretor financeiro da empresa, Thomas Piquemal, deixaram o cargo por causa da questão. Com o anúncio, as ações da EDF caíram 1,79% na bolsa de Paris às 11h31 (de Brasília).