GUERRA

Rússia ataca base militar perto da Polônia, membro da Otan

País vizinho é membro da Otan; ao menos 35 morreram e 134 ficaram feridos, dizem autoridades locais

Forças russas lançaram vários ataques aéreos contra um centro de treinamento militar nos arredores da cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, a menos de 25 quilômetros da fronteira com a Polônia, afirmaram autoridades locais neste domingo (13).

O governador regional Maksim Kozitskiy disse que 35 pessoas morreram e 134 ficaram feridas após aviões russos dispararem cerca de 30 foguetes contra o Centro Internacional de Manutenção da Paz e Segurança de Iavoriv. Ele acrescentou que alguns desses foguetes foram interceptados antes de atingirem.

A instalação de 360 ​​quilômetros quadrados é uma das maiores da Ucrânia e a maior da parte ocidental do país. Instrutores militares estrangeiros já trabalharam na base, disse o governo ucraniano. Não ficou claro se algum deles estava lá no momento.

Dezenove ambulâncias com sirenes ligadas foram vistas pela agência Reuters dirigindo-se às instalações após o ataque, e uma fumaça preta subiu da área.

Muitos ucranianos fugiram para Lviv desde que a invasão russa começou. A 40 km de distância da Polônia, a cidade é um centro de trânsito para quem sai da Ucrânia.

A Reuters questionou o Kremlin sobre o ataque tão próximo à fronteira com um país membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

A Ucrânia realizou a maioria de seus treinamentos militares com os países da Otan antes da invasão russa de 24 de fevereiro. Os últimos grandes exercícios foram em setembro.

De acordo com a mídia ucraniana, todos os instrutores estrangeiros deixaram o campo de Iavoriv em meados de fevereiro.

Outra cidade no oeste da Ucrânia, Ivano-Frankvisk, foi alvo de ataque russo neste domingo, segundo o prefeito da cidade.

“De acordo com informações preliminares, as explosões desta manhã (domingo) foram de um ataque ao aeroporto”, disse Ruslan Martsinkiv, no Facebook.

O sul do país também continua sob ataque, com a cidade sitiada de Mariupol aguardando a chegada de um comboio de ajuda humanitária.

A caravana, vinda de Zaporíjia, foi bloqueada por mais de cinco horas em um posto de controle russo no sábado.

Mariupol, uma cidade portuária estratégica, está em uma situação “quase desesperadora”, segundo os Médicos Sem Fronteiras (MSF), devido à falta de alimentos, água, gás, eletricidade e comunicações.

O governo russo reconheceu que “em algumas cidades” a situação “atingiu proporções catastróficas”, segundo o general Mikhail Mizintsev, citado no sábado pelas agências de notícias russas. Mas o oficial atribuiu a tragédia aos “nacionalistas” ucranianos, acusando-os de plantar minas em áreas residenciais, destruir a infraestrutura e prender a população civil.

Também no sul, a cidade de Odessa continua se preparando para uma ofensiva das tropas russas, que atualmente estão concentradas em Mikolaiv, cerca de 100 km a leste. Os bombardeios maciços atingiram um centro oncológico e uma clínica oftalmológica, confirmou um jornalista da AFP. Nove pessoas foram mortas, informou o governador regional Vitaly Kim no Telegram no domingo.

Há corpos jogados nas ruas de algumas cidades e os saldos são impossíveis de verificar. “Cerca de 1.300” militares ucranianos foram mortos desde 24 de fevereiro, disse o presidente Volodimir Zelensky no sábado, na primeira contagem oficial desde o início da invasão.

O ucraniano afirma que o Exército russo perdeu “cerca de 12 mil homens”. A Rússia, por sua vez, anunciou em 2 de março seu único saldo até o momento, de 498 soldados mortos.

Quanto aos civis, 579 teriam sido mortos, segundo a ONU, que alerta, no entanto, que o número real é provavelmente muito maior. Cerca de 2,6 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da guerra, aos quais se somam cerca de 2 milhões de deslocados internos, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Rússia ataca Kiev, capital da Ucrânia

Em Kiev, sirenes de ataques aéreos acordaram novamente moradores na manhã de domingo, horas depois que o presidente ucraniano alertou às forças russas que enfrentariam uma luta até a morte se tentarem ocupar a capital.

“Se eles decidirem bombardear e simplesmente apagar a história desta região… e destruir a todos nós, então eles entrarão em Kiev. Se esse é o objetivo deles, deixe-os entrar”, disse, no sábado.

O Ministério da Defesa britânico estimou no sábado que as forças russas estavam a 25 quilômetros da capital, e que a coluna norte se dispersou, o que pode ser um indício de que um cerco está sendo preparado.

Também no sábado, a Ucrânia acusou as forças russas de matarem sete civis, incluindo uma criança, em um ataque a mulheres que tentavam fugir com seus filhos de combates perto de Kiev.

A Reuters não conseguiu verificar imediatamente o relato e a Rússia não fez comentários.

Moscou nega atacar civis e culpa a Ucrânia por tentativas fracassadas de evacuar civis de cidades cercadas, o que a Ucrânia e seus aliados ocidentais negam.