ESPAÇO

Rússia ataca satélite com míssil e destroços geram alerta em estação espacial

Em uma cena digna dos melhores dramas espaciais, os sete integrantes da Estação Internacional em órbita…

Em uma cena digna dos melhores dramas espaciais, os sete integrantes da Estação Internacional em órbita terrestre tiveram de acionar procedimentos de emergência e se refugiar em cápsulas que funcionam como salva-vidas da estrutura.

O incidente ocorreu na segunda (15), depois que a Rússia destruiu com um míssil um antigo satélite espião soviético dos tempos da Guerra Fria, lançando uma nuvem de destroços em diversas órbitas.

A ISS (sigla inglesa para Estação Espacial Internacional) abriga hoje quatro americanos, um alemão e dois russos. “O teste gerou mais de 1.500 pedaços rastreáveis de destroços e centenas de milhares de pedaços menores que agora ameaçam todas as nações”, disse Ned Price, o porta-voz do Departamento de Estado.

A Rússia deu de ombros e afirmou que em nenhum momento houve risco direto à ISS, que de resto vem apresentando uma série de problemas. Um pedaço um pouco maior teria entrado em uma trajetória suspeita e por isso o procedimento de evacuação, quando escotilhas entre módulos também são fechadas, foi acionado.

Segundo a Roscosmos, agência espacial russa, isso é padrão. Já o Ministério da Defesa do país afirmou, em nota nesta terça (16), que os EUA estão apenas fazendo propaganda russofóbica.

A Nasa, sua contraparte americana, disse ter ficado ultrajada com o teste, que usa uma tecnologia empregada pela Rússia, EUA, China e Índia.

Basicamente, um míssil antissatélite é disparado de solo para atingir seu alvo em órbita. No caso, era um velho satélite Tselina-D, lançado em 1982 e inativo há anos. O instrumento tem mais de 1 tonelada.

Rússia considera queixa americana hipócrita

Para a pasta da Defesa russa, a queixa americana é hipócrita, dado que o país também faz testes deste tipo. Mais: foi criada no ano passado a Força Espacial, um novo ramo armado dos EUA para expandir suas capacidades militares no espaço.

“Os EUA estão ativamente desenvolvendo e testando, sem nenhuma notificação, vários tipos de armas de combate e ataque em órbita”, afirmou o ministério, segundo a agência RIA Novosti.

A China, país que mantém uma estação espacial própria, havia sofrido críticas semelhantes com um teste análogo em 2017. A acusação de militarização incluiu o teste de um misterioso avião orbital no ano passado, semelhante a um modelo em teste nos EUA desde 2010.

Pequim e Moscou têm novas parcerias no campo espacial, mas não há relatos de que envolvam a área de defesa.

O lixo espacial, 64 anos após o início da exploração pelo homem, é um problema bastante real. Segundo a Nasa, há cerca de 1 milhão de objetos potencialmente perigosos, de 1 cm a 10 cm de diâmetro, capazes de danificar ou destruir satélites.

No caso da ISS, a situação é mais dramática, dado que ser abalroada por um desses destroços pode significar um pequeno rombo no casco —daí a ideia dos salva-vidas.