Guerra na Ucrânia

Rússia e Ucrânia estão próximas de acordo sobre grãos, mas paz ainda demora, diz ONU

Representantes ucranianos, russos e turcos se reuniram com oficiais da ONU em Istambul para costurar um acordo

Foto: Reprodução - Redes Sociais

Um passo “importante e substantivo” foi dado nesta quarta (13) em direção a um acordo que permita retomar as exportações de grãos da Ucrânia pelo Mar Negro, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Representantes ucranianos, russos e turcos se reuniram com oficiais da ONU em Istambul para costurar um acordo com vistas a estancar a crise global de alimentos causada pela invasão da Ucrânia, que gerou aumento nos preços de grãos, óleo de cozinha, combustível e fertilizantes. As conversas ocorreram a portas fechadas em um local não divulgado.

“Espero que na próxima semana possamos ter um acordo final. Mas, como eu disse, ainda precisamos de muito boa vontade e compromissos de todas as partes”, disse Guterres a repórteres em Nova York, acrescentando que agora há trabalho técnico a ser feito para que o pacto se materialize.

Apesar do empenho das partes na questão dos grãos, Guterres afirmou que “pela paz ainda temos um longo caminho a percorrer”.

Hulusi Akar, ministro da Defesa turco, anunciou que o acordo será assinado quando as partes se encontrarem novamente, na semana que vem. A Turquia deve fazer a segurança do escoamento e montar um centro de coordenação de exportação de grãos com representantes da Ucrânia, da Rússia e da ONU.

A Rússia tem a preocupação de controlar e inspecionar as próprias embarcações para evitar o contrabando de armas, segundo disse à agência russa Interax Piotr Iliichev, chefe do departamento de organizações internacionais do Ministério das Relações Exteriores.

Mais de 20 milhões de toneladas de grãos ucranianos estão presos em silos no porto de Odesa, e dezenas de navios ficaram retidos devido ao bloqueio da Rússia. O país, junto com a Ucrânia, é um dos maiores exportadores de grãos do mundo. Contudo, nem um nem outro comentaram o acordo desta quarta.

Além de grandes fornecedores globais de trigo, a Rússia é um grande exportador de fertilizantes, e a Ucrânia um importante produtor de milho e óleo de girassol. Fechar um acordo para desbloquear as exportações é visto como vital para a segurança alimentar –principalmente entre os países em desenvolvimento– e para a estabilização dos mercados.

Enquanto os líderes conversavam em Istambul, várias cidades ucranianas relataram bombardeios russos pesados. Sem vincular o acordo de grãos ao progresso nas negociações para acabar com a guerra, o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmitro Kuleba, se mostrava pessimista sobre as perspectivas de paz.

A Rússia seguiu nesta quarta seu avanço na província separatista de Donetsk, que pretende capturar depois de dominar Lugansk há algumas semanas. Um oficial separatista, Vitali Kiseliov, afirmou à agência de notícias russa Tass que forças do país estão em vias de tomar a cidade de Siversk. A Ucrânia negou, dizendo apenas que a cidade foi atacada por artilharia.

Tanto Donetsk quanto Lugansk foram reconhecidas nesta quarta como estados independentes pela Coreia do Norte, o terceiro país a tomar esta posição. Os outros são Síria e Rússia. Depois do anúncio, a Ucrânia anunciou que cortou relações com a Coreia do Norte.

Em um post em seu canal no Telegram, o líder da República Popular de Donetsk, Denis Pushilin, afirmou esperar “cooperação frutífera” e aumento do comércio com a Coreia do Norte, um país isolado pela comunidade internacional e com armas nucleares.

A embaixada do Donetsk em Moscou, inaugurada na terça (12), postou uma foto em seu canal no Telegram de uma cerimônia na qual o embaixador da Coreia do Norte na cidade, Sin Hong-chol, entrega um certificado de reconhecimento à enviada Olga Makeyeva.

A embaixada da Coreia do Norte em Moscou confirmou que reconheceu a independência de ambas as entidades, informou mais tarde a agência de notícias russa Tass.

A Rússia, que apoia as regiões desde 2014, reconheceu ambas na véspera de sua invasão da Ucrânia em um movimento condenado por Kiev e pelo Ocidente como ilegal. A Coreia do Norte já havia expressado apoio à anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.