São as bombas de março fechando o verão
Não dá para ser feliz nesses últimos dias. Na verdade, nunca dá. Mas agora está…
Não dá para ser feliz nesses últimos dias. Na verdade, nunca dá. Mas agora está pior. Mais difícil, mais custoso. Sei que sempre tem uma guerra suja acontecendo em algum lugar do mundo. Sempre tem inocente sofrendo por conta dos macabros jogos de guerra que senhores de gabinete insistem em brincar. Sempre tem sangue derramado por causa de intransigências e interesses escusos. Sempre. Mas quando estamos falando de uma potência nuclear bombardeando um país vizinho, a coisa fica um bom tanto mais complexa.
A hipótese de uma guerra nuclear voltou a fazer parte dos nossos maiores receios. Parte expressiva da opinião pública mundial condena o que acontece em território ucraniano. Correto. Quando quem tem maior poderio bélico se sente autorizado a entrar em terra vizinha, por qualquer motivo que seja, isso significa que falhamos na construção de alternativas pacíficas para dirimir conflitos que incontornavelmente virão. Quando temos como um dos polos a maior potência nuclear do mundo que é a Rússia, tudo piora de forma considerável. Quando temos esse arsenal nas mãos de um déspota que goza de prestígio interno em seu país e dá de ombros para a imagem que projeta mundo afora, tudo fica ainda mais delicado. Quando temos uma postura provocativa e irresponsável de quem deveria agir de forma equilibrada e responsável, temos a fórmula perfeita para um desastre. E é exatamente isso que estamos vivendo: um desastre.
Juízo é o que mais precisamos para cessarmos as bombas de março que aterrorizam a Ucrânia. Disposição ao diálogo, na consciência de que todos terão que ceder, é fundamental. Mas infelizmente não vislumbro tal cenário.
Após conversa com Putin, Macron afirmou que o pior ainda está por vir. Torço para que ele esteja errado, mas não acho que minha torcida adiante muito. No momento, só nos cabe dizer que dar uma chance à paz ainda é o mais desejável. Mesmo sabendo que isso são somente palavras bonitas de um poeta que morreu baleado.
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Reprodução – Twitter