Surto global da ômicron leva 20 países a baterem recorde de Covid-19
Vinte países em quatro continentes relataram números recordes de casos de Covid-19 na última semana, salientando…
Vinte países em quatro continentes relataram números recordes de casos de Covid-19 na última semana, salientando a pressão que a variante ômicron exerce sobre os sistemas de saúde de países ricos e pobres em todo o mundo.
A Organização Mundial de Saúde alertou para um “tsunami” iminente de infecções, já que as variantes ômicron, altamente transmissível, e delta circulam juntas.
Pelo menos cinco países —incluindo Austrália, Dinamarca e Reino Unido— experimentaram um aumento de mais que o dobro do pico de casos registrado anteriormente, de acordo com análise do Financial Times.
A média móvel de casos em sete dias nos Estados Unidos se aproximou de 300 mil na quarta-feira (29), a maior contagem diária desde o início da pandemia, de acordo com o rastreador de dados do FT.
Os países também estão aplicando muito mais testes hoje do que nas etapas anteriores da pandemia, mas a porcentagem de testes que dão resultado positivo está aumentando de modo geral, indicando que o aumento de casos é real.
Em vários países —incluindo Inglaterra, Canadá e Dinamarca– a positividade do teste já atingiu um nível recorde desde que começaram os testes comunitários generalizados.
Os testes de PCR e de fluxo lateral não estão atualmente disponíveis, ou são difíceis de obter, em vários países, incluindo Reino Unido e Itália.
A Austrália, que antes seguiu uma política de “Covid zero”, viu um aumento nas infecções de cerca de cinco vezes e meia o pico registrado anteriormente, segundo a análise.
As evidências iniciais sugerem que a ômicron é menos grave em comparação com as variantes anteriores. Isso pode ser porque o coronavírus infectou milhões de pessoas desde seu surgimento, há dois anos, dando aos infectados certa imunidade, e por causa da vacinação. Ainda não se sabe, entretanto, se a ômicron é menos virulenta para as pessoas que não foram vacinadas ou expostas ao vírus, especialmente para as mais vulneráveis.
Especialistas em saúde pública alertaram contra a minimização do impacto da ômicron após concluir que a doença é mais branda.
“O aumento exponencial de casos em países e cidades em todo o mundo pode resultar em sistemas de saúde cada vez mais pressionados”, disse Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, ao Financial Times. “Uma pequena porcentagem de um grande número de pessoas ainda pode lotar os hospitais e, além disso, aumentar tremendamente a necessidade de atendimento ambulatorial”, disse ela.
O grande aumento de casos já pressionou os hospitais dos Estados Unidos, onde estados com altos índices de vacinação, incluindo Nova York e a capital Washington, também experimentam um aumento das infecções.
A governadora de Nova York, Kathy Hochul, disse na quarta que o estado está mobilizando equipes médicas adicionais e ampliando a capacidade de leitos conforme as taxas de internação aumentam, mas continuam menores em comparação com o mesmo período do ano passado.
“Estamos basicamente nos preparando para um aumento repentino em janeiro”, disse ela. “Sabemos que está chegando.”
Mike Ryan, diretor de emergências da OMS, disse que é provável que o vírus evolua para uma fase endêmica, mas “é muito improvável que desapareça completamente”.
Desde que a cepa ômicron foi detectada pela primeira vez, no sul da África no mês passado, os países correram para conter sua disseminação, restringindo viagens ou fechando fronteiras e expandindo campanhas de reforço. A ômicron parece ser mais transmissível do que a delta e capaz de romper a imunidade causada por vacinas e infecções anteriores.
As evidências iniciais indicam que os cursos completos das vacinas existentes podem ser menos eficazes no combate à variante, embora as doses de reforço possam ajudar a restaurar parte dessa proteção. Para vacinas usadas principalmente em países mais pobres, essa proteção é ainda menor. A Johnson foi a última empresa a dizer que uma dose extra de sua vacina ajudou contra a variante, na quinta-feira.
Nos dois anos desde que foi detectado pela primeira vez, o coronavírus infectou mais de 284 milhões de pessoas globalmente, matando mais de 5,4 milhões, de acordo com a Universidade Johns Hopkins, embora ambos os números provavelmente sejam muito subestimados.