Tempestade tropical nas Filipinas deixa 42 mortos
País é um dos mais afetados pelos impactos de eventos climáticos extremos; número de vítimas deve crescer
Um dos locais mais atingidos por eventos climáticos extremos no mundo, o arquipélago das Filipinas registrou ao menos 42 mortes após a passagem da tempestade tropical Megi, informaram autoridades nesta terça-feira (12). A cifra de vítimas deve crescer à medida que equipes de resgate conseguem avançar nas buscas.
Mais de 17 mil pessoas tiveram de deixar suas casas após as fortes chuvas causarem inundações e corte de energia. A maior parte das vítimas morreu em meio a deslizamentos de terra e inundações, consequências da Megi, conhecida no arquipélago como Agaton.
A ilha de Leyte foi uma das mais afetadas pela tempestade tropical —ao menos 100 pessoas ficaram feridas e 22, morreram. Os bombeiros têm dificuldade de acessar os locais mais atingidos devido à grande quantidade de lama formada após as chuvas.
Mais de cem comunidades, especialmente aquelas próximas a rios e praias, ficaram submersas após o temporal e a chuva contínua, que ainda não cessou. Os ventos registrados chegaram a 65 km/h.
As Filipinas costumam observar ao menos 20 tempestades severas e tufões anualmente, e a Megi é apenas a primeira a atingir o arquipélago neste ano. Autoridades locais, porém, surpreenderam-se com a intensidade do evento climático.
“Estamos em uma temporada de seca, mas talvez a mudança climática tenha alterado isso”, disse Marissa Miguel Cano, porta-voz da cidade de Baybay, uma das maiores de Leyte. As principais áreas afetadas por deslizamentos são aquelas onde há plantações de milho e arroz, devido ao manejo do solo, ela explicou.
Os impactos da tempestade tropical são observados apenas quatro meses após a passagem do tufão Rai deixar cerca de 400 pessoas mortas, mais de 500 feridas e mais de 300 mil desabrigadas no arquipélago asiático.
Cientistas locais alertam para o fato de que a intensidade dos tufões e das tempestades severas têm crescido ao longo dos últimos anos, como consequência direta da emergência climática.
As Filipinas são a porção da região sudoeste do Pacífico mais afetada por eventos climáticos extremos, mostrou relatório publicado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), braço das Nações Unidas para o clima, em setembro passado. Ao longo dos últimos 50 anos, o arquipélago registrou 48.950 mortes em consequência desses eventos —75% de todas as mortes observadas na região.
O prejuízo econômico acarretado foi de aproximadamente US$ 36,8 bilhões (R$ 172 bi), sendo mais da metade do montante somente na última década. O evento com maior número de vítimas registrado no país foi o ciclone Haiyan, em 2013, quando mais de 7.300 morreram.
As Filipinas são, ainda, o país mais afetado por desastres naturais relacionados a ciclones tropicais —foram 295 ao longo das últimas cinco décadas, cerca de 15% do total registrado em todo o mundo. Na sequência, estão China (269) e Japão (101).