Variante já ameaça desconfinamento na Inglaterra
A variante B.1.617.2, identificada na Índia, já preocupa governo, cientistas e população no Reino Unido…
A variante B.1.617.2, identificada na Índia, já preocupa governo, cientistas e população no Reino Unido e pode atrasar a volta da Inglaterra à vida normal. “É cedo demais para dizer como será este verão”, afirmou nesta sexta (14) o premiê britânico, Boris Johnson, em entrevista convocada para alertar o país sobre os novos riscos.
“Essa nova variante pode provocar sérias interrupções na reabertura”, disse o primeiro-ministro. Segundo ele, está mantida a passagem para a etapa 3 —que inclui reabertura de empresas e restaurantes, permissão para receber convidados e a volta de viagens— a partir desta segunda.
Mas, se a B.1.617.2 se mostrar significativamente mais transmissível que os atuais vírus que circulam no país, a passagem para a etapa 4 não será mais no dia 21 de junho, alertou Boris. Segundo ele, além do grau de contágio, também é preciso saber se a variante consegue escapar da proteção das vacinas.
Entre 5 e 12 de maio, quatro pessoas infectadas pela B.1.617.2 morreram na Inglaterra, segundo o governo, e ela foi encontrada em 1.565 doentes. Levantamento da OMS registra que, até 11 de maio, as três versões da variante foram detectadas em amostras de vírus de 44 países, entre eles grande parte dos europeus, a China e toda a América do Norte. Da América do Sul, apenas a Argentina aparece no relatório da entidade.
Os primeiros indícios são de que a B.1.617.2 pode ser até “50% mais transmissível” que a linhagem B.1.1.7, hoje predominante no Reino Unido, de acordo com relatório do Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências (Sage). O diretor médico britânico, Chris Whitty, afirmou que ela pode se tornar dominante no país, ultrapassando a linhagem identificada na Inglaterra no ano passado.
Em relação às vacinas, há sinais de que elas sejam eficazes contra a variante indiana, “mas isso está longe de ser claro”, segundo Jonathan Ball, professor de virologia molecular da Universidade de Nottingham.
Segundo ele, “o aparecimento e a disseminação de linhagens que escapem da proteção dos imunizantes são as principais ameaças ao retorno à normalidade”. Ball aponta que uma grande proporção da população britânica ainda não recebeu a segunda dose, “e é provável que muitos desses possam se infectar e potencialmente transmitir o vírus”.
De acordo com o governo, 36% dos adultos já foram completamente imunizados e outros 32% receberam a primeira dose, até esta sexta. Além disso, 32% da população adulta ainda não recebeu nenhuma das injeções, de acordo com os números do governo. O cronograma prevê que todos os adultos estejam imunizados no final de julho.
“A corrida entre a vacinação e as variantes está ficando mais apertada”, disse Boris, ao anunciar que o intervalo entre a primeira e a segunda dose será reduzido de 12 para 8 semanas para os que têm 50 anos ou mais e os portadores de comorbidades. O objetivo é “acelerar a proteção adicional”.