Veja o que já se sabe sobre a operação do FBI na mansão de Trump na Flórida
Polícia Federal e Departamento de Justiça ainda não se pronunciaram
A operação do FBI na mansão do ex-presidente americano Donald Trump, na segunda-feira, foi sem precedentes e surpreendeu os Estados Unidos. Mas as informações oficiais sobre a ação da Polícia Federal no resort de Mar-a-Lago, na Flórida, permanecem escassas. Veja o que se sabe até agora:
Como aconteceram as buscas?
Na manhã de segunda-feira, um grupo de agentes do FBI chegou a Mar-a-Lago, quando Trump estava em Nova Jersey. Eles revistaram a residência por horas, abriram um cofre e levaram “arquivos em papel”, disse o site Politico, citando uma fonte familiarizada com o assunto.
Não está claro para que serviu a operação, que tipo de mandado foi executado e o que os agentes buscavam. Mas os agentes federais notificaram o Serviço Secreto, que protege o ex-presidente, antes de sua chegada, segundo a NBC.
“Nada parecido com isso já aconteceu com um presidente dos Estados Unidos antes”, disse Trump em comunicado, chamando a operação de “desnecessária e inapropriada”
O que o FBI está investigando?
O Departamento de Justiça e o FBI confirmaram a operação, mas ainda não comentaram o caso.
Segundo especialistas, a invasão de uma residência de Trump, que pretende concorrer à Casa Branca novamente em 2024, é algo extremamente sensível do ponto de vista político, de modo que precisou ser aprovado pelo secretário de Justiça, Merrick Garland, e pelo diretor do FBI, Christopher Wray.
Além disso, o FBI deve ter precisado de um mandado, o que exigiria a revisão de um juiz de sua justificativa para entrar na casa de um ex-presidente. Mas a ordem, que pode revelar a natureza da investigação, permanece em segredo.
Seamus Hughes, vice-diretor do Programa de Extremismo da Universidade George Washington e especialista em documentos judiciais, disse que a Procuradoria de Justiça do sul da Flórida mantém os mandados de busca em sigilo. Segundo ele, “cada distrito judiciário pode definir suas próprias regras locais para acesso público aos documentos”.
Documentos classificados
Eric Trump, filho do ex-presidente, disse à Fox News que a operação estava relacionada a alegações sobre um grande número de documentos que o presidente levou consigo quando deixou a Casa Branca em janeiro de 2021.
No início deste ano, Trump foi obrigado a entregar 15 caixas desses documentos ao Arquivo Nacional, a instituição que controla os registros presidenciais. Mais tarde, os Arquivos informaram ao Departamento de Justiça que as caixas incluíam alguns documentos altamente confidenciais.
A operação de segunda-feira sugere que havia mais documentos desse tipo em Mar-a-Lago.
— O objetivo da busca, pelo que eles disseram, foi porque os Arquivos Nacionais queriam verificar se Donald Trump tinha ou não algum documento em sua posse — disse Eric.
É ilegal reter registros presidenciais?
A Lei de Registros Presidenciais afirma que todos os documentos relacionados a assuntos oficiais devem ser entregues ao Arquivo Nacional. Mas violar essa lei traz poucas consequências. Por outro lado, a lei dos EUA proíbe estritamente a retenção de documentos confidenciais, o que acarreta penas de prisão severas.
Uma indicação de que a investigação pode envolver materiais confidenciais foi uma visita a Mar-a-Lago em junho pelo chefe da Seção de Controle de Exportação e Contrainteligência do Departamento de Justiça, segundo a CNN.
Essa seção supervisiona casos que afetam a segurança nacional, como espionagem e sabotagem, bem como casos que envolvem lobby de americanos em governos estrangeiros.
Trump está sob investigação?
A operação não significa necessariamente que Trump esteja sob investigação criminal.
Os documentos solicitados podem ser necessários em outras investigações envolvendo membros de seu governo, incluindo a investigação sobre a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 por centenas de apoiadores do ex-presidente.
Mas a natureza da operação, afirmam os analistas, sugere algo muito mais importante. Andrew McCabe, ex-vice-diretor do FBI, disse à CNN que achava “realmente inimaginável” que fosse simplesmente um caso de recuperação de documentos do Arquivo Nacional.
— Eles devem ter muito mais do que isso — disse ele.