ECONOMIA

Vitória de Trump pode beneficiar investimentos ligados ao agronegócio

Expectativa de protecionismo e aumento dos juros no futuro governo de Donald Trump impactam Bolsa brasileira

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Foto: Reprodução/Youtube)

(Folhapress) A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos deve trazer volatilidade à Bolsa de Valores no Brasil, apontam especialistas. Políticas protecionistas, como tarifas de importação, além do aumento das taxas de juros, são os principais fatores de impacto nos preços do mercado de ações, afirmam.

“A volatilidade dos preços na B3 e a alta do dólar representam impactos de curto prazo relacionados ao resultado das eleições. Os efeitos mais definitivos dependerão das políticas econômicas adotadas pelo republicano”, diz Isabela Bessa, economista especialista em investimentos internacionais na Warren.

Para Michael Viriato, especialista em investimentos e colunista da Folha, as aplicações em renda variável ligadas ao agronegócio são as mais promissoras. “Como não há políticas protecionistas voltadas à importação de alimentos, mas sim um foco em restrições à tecnologia chinesa, o setor tende a se valorizar com a venda de produtos na cotação do dólar a preços maiores e com a expansão do mercado”, afirma.

Aplicações ligadas a empresas que atuam com importação e exportação de manufaturados podem ser as mais impactadas negativamente. Setores que têm alta dependência de crédito, como empresas de construção civil, também tendem a sofrer com o aumento das taxas de juros.

Especialistas divergem sobre os investimentos ligados ao petróleo. Alguns acreditam que o setor possa se valorizar com a alta do dólar, já que a commodity é cotada na moeda americana. Outros preveem quedas devido à desvalorização da matéria-prima no mercado global, impulsionada pelo aumento da oferta nos EUA.

Ativos do setor de mineração podem enfrentar um impasse. Se Trump implementar tarifas sobre a Chinaespecialmente sobre o aço chinês, a Vale pode ser prejudicada, já que a China é seu principal cliente de minério de ferro, afirmam especialistas. Por outro lado, se os EUA reduzirem as compras da China ou tornarem o aço chinês mais caro, isso pode abrir oportunidades para a empresa nacional.

O setor financeiro pode se beneficiar com juros altos e redução de impostos nos EUA. Por outro lado, o setor imobiliário pode sofrer com o aumento das taxas de juros. Investimentos em setores ligados a energias renováveis podem enfrentar desafios com incentivo menor.

Em um cenário mais volátil do dólar e com um risco de maior inflação no Brasil, Marcelo Nantes, especialista em renda variável do ASA Investimentos, acredita que o investidor deve procurar na Bolsa brasileira empresas que tenham receitas protegidas contra a inflação e um nível de endividamento relativamente baixo.

Para Paula Zogbi, assessora de investimentos da Nomad, a renda fixa de liquidez diária, como os títulos pós-fixados do Tesouro Selic, continua sendo a opção mais segura para proteger o patrimônio. Segundo ela, uma carteira diversificada pode proteger qualquer perfil de investidor, desde que ele conheça sua tolerância à volatilidade e alinhe os prazos e riscos dos ativos com seus objetivos.

Para investimentos no exterior, Paula recomenda ações, CDBs de bancos estrangeiros na renda fixa (T-Bonds), ETFs e REITs. “São mais vantajosos do que fundos cambiais ou a compra direta de dólar porque oferecem proteção cambial e, ao mesmo tempo, geram ganhos potenciais com o ativo e proventos, diminuindo a dependência exclusiva da variação do dólar para garantir bons retornos”, diz.

Investimentos que podem ser beneficiados pela eleição nos EUA

  • Setor de alimentos (agronegócio)
  • Financeiro
  • Mineração
  • Petróleo, com ênfase em companhias americanas
  • Criptoativos
  • Empresas e small caps americanas
  • Setor de papel e celulose

Investimentos que podem ser prejudicados pela eleição nos EUA

  • Transição energética e renováveis
  • Infraestrutura e construção civil
  • Produtos manufaturados para exportação
  • Siderurgia
  • Transporte, com ênfase no setor de aviação
  • Indústria de bens de capital