POR GOIÁS

7 de setembro também vai ter atos contra Bolsonaro em Goiânia e no interior

“Nosso objetivo não é rivalizar, mas mostrar nossa visão política”, diz coordenadora

Esquerda em Goiás decide nesta sexta participação de atos contra Bolsonaro em 2 de outubro (Foto: Arquivo - Igor Caldas - Mais Goiás)

Goiânia e outras cidades de Goiás realizam manifestações neste Dia da Independência, 7 de setembro (terça), contra presidente Bolsonaro (sem partido) – mesma data em que apoiadores se mobilizam a favor do governo federal. Na capital, o evento acontece às 9h, com concentração na Praça do Bandeirante.

Na pauta, além do impeachment do presidente Bolsonaro, o desejo de expressar a indignação de forma legítima e constitucional contra o governo federal. Kelly Gonçalves, coordenadora da campanha Fora Bolsonaro Goiás, informou que, além de Goiânia, estão previstas manifestações em outras 18 cidades do interior.

Segundo ela, o ato faz parte da junção do evento 27o Grito dos Excluídos e Excluídas (da Igreja Eclesial de Base) e da campanha nacional Fora Bolsonaro, que está em sua 5a edição. “A concentração ocorre na Praça do Bandeirante e haverá caminhada até a Catedral Metropolitana”, informa Kelly.

Na mesma data e horário, ocorre uma motociata a favor de Bolsonaro, com saída do autódromo Internacional de Goiânia. Contudo, a coordenadora do evento garante que eles não vão se cruzar em nenhum momento.

“Existe uma previsão de muito cuidado, enviamos todos os ofícios às autoridades e nos reunimos com o comando da Polícia Militar da região. As autoridades irão acompanhar ambas as manifestações para garantir o direito democrático dos atos. Inclusive, nos informaram que os policiais estarão ali no estrito dever e não para se manifestar, pois é totalmente impróprio.”

Os atos também seguirão os protocolos de segurança sanitária. “Nossa expectativa é de um ato pacífico, no qual possamos nos expressar, como em um país minimamente democrático”, relatou Kelly, que também é advogada. “Nosso objetivo não é rivalizar, mas mostrar nossa visão política.”

A expectativa de Kelly, por causa de toda polarização e também da pandemia, é que este evento junte cerca de 5 mil manifestantes em Goiânia. “Houve queda de mobilização popular por constrangimentos, mas também pelas condições da pandemia e financeira. As dificuldades financeiras têm impacto nos atos. Mas sabemos da importância da manutenção dessa mobilização.”

Pautas da mobilização

  • A Organização do evento em Goiânia e nos interiores têm conversado com as autoridades para garantir o direito de se expressar a indignação de forma legítima e constitucional o governo Bolsonaro;
  • Pedir pelo impeachment;
  • Protestar contra o desemprego, bem como o colapso político, social e econômico pelo qual passa o País;
  • Mostrar que só a força popular pode deter a gestão Bolsonaro, uma vez que as instituições têm permitido.

Manifestações contra Bolsonaro pelo Interior

Uma das 18 cidades que estão confirmadas na mobilização é Pirenópolis. Segundo a organização local, será exposta uma faixa em frente a Igreja Matriz e os presentes vão se “manifestar contra as atrocidades e também buscar sensibilizar as pessoas sobre a importância de nossa democracia e o que representa esse governo na vida do povo brasileiro”.

O evento está marcado para 17h e não foi divulgada a expectativa de público. “Nas esperamos deixar o recado na cidade. Objetivo é alertar o que representa essas ameaças as instituições.”

Outras cidades

A organização do evento antecipou algumas cidades entre as 18 do interior que participam do evento contra o governo federal. Contudo, a coordenação ainda irá atualizar a lista, uma vez que algumas confirmações ocorreram durante a entrevista a Kelly Gonçalves.

  • Aparecida de Goiânia, Faixaço, BR-153, passarela setor Bela Vista e passarela entrada de Aparecida, a partir das 7H
  • Anápolis – Ato Político Cultural, 16H, praça Dom Emanuel
  • Alto Paraíso de Goiás – Concentração na BR no Disco Voador | 14H
  • Catalão – Panfletagem, 8H – Feira próxima a prefeitura, à tarde carro de som nos bairros, 19H – Feira da Vila Liberdade
  • Goiânia – Praça dos Bandeirantes, 9H
  • Goiás – Panfletagem e cartazaço nas feiras e bairros – Dia 06, 8H. Dia 07 – Carreata, concentração Coopar/Estádio de Futebol, 9H
  • Goianápolis – Panfletagem e Banderiaço, praça Sebastião dos Reis, 17H
  • Hidrolândia – Faixaço, concentração na praça do Cruzeiro, 8H
  • Itumbiara – Manifestação com recebimento de cestas básicas, Rotatória do Estádio JK, 9H
  • Jaraguá – concentração 7 H, 8H – caminhada da Praça Nossa Senhora do Rosário até a Praça do Coreto.
  • Jataí – Praça Diomar Menezes, 09H
  • Jesúpolis – Panfletagem e bandeiraço, praça Augustinho Silva, Centro, 9H
  • Luziânia – Caravana de Ônibus para BSB, 7H, concentração frente a prefeitura (sede administrativa)
  • Pirenópolis – Faixaço, Frente à Igreja da Matriz, 17H
  • Rio Verde – Ato Político Cultural, Bairro Céu Azul, 15H
  • São Francisco – Panfletagem e Bandeiraço, Rua Nossa Senhora Da Abadia – Centro, 10H
  • Santa Rosa de Goiás – Panfletagem e Bandeiraço, praça da rodoviária, 15H
  • Uruaçu – Adesivaço, Av. Col. Gaspar, 8H
  • Valparaíso e Novo Gama – Dia 06 – Panfletagem nas passarelas (BR 040), 17H, Dia 07 – FAIXAÇO na BR 040, das 16h30 às 18h3o

Forças de Segurança

Por meio de nota, a Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO) informou que atuará na manifestação com o reforço do policiamento ostensivo preventivo para garantir a segurança, manter a ordem pública e a paz social, cumprindo sua missão constitucional.

“A PM vai reforçar o policiamento em todos os pontos de manifestação previamente identificados”, completa a nota.

STF sobre atos de 7 de setembro

presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, disse durante a abertura da sessão plenária, na quinta (2), que a liberdade de expressão não comporta “violências e ameaças“. A fala tem relação com as manifestações pró-Bolsonaro de 7 de setembro, Dia da Independência. “O exercício de nossa cidadania pressupõe respeito à integridade das instituições democráticas e de seus membros.”

E ainda: “A própria declaração de independência, em 7 de setembro de 1822, não foi apenas um grito solitário às margens do Ipiranga, mas resultado da sucessão de atos corajosos empreendidos por inúmeros brasileiros, muitos dos quais doaram as suas vidas em prol da construção do País.”

Em sua fala, o ministro também ressaltou que o Brasil é destaque internacional pelo pluralismo político, religioso e cultural. “A crítica construtiva provoca reflexões, descortina novos pontos de vista e convida ao aprimoramento institucional. A crítica destrutiva, por sua vez, abala indevidamente a confiança do povo nas instituições do País”, se referiu a constantes discursos antidemocráticos, mas sem citar nomes.

“Há mais de 30 anos, nossos cidadãos manifestaram o seu desejo pela democracia” e o “povo brasileiro jamais aceitaria retrocessos”, declarou ainda. Por fim, Fux pontuou que confia que os cidadãos agirão em suas manifestações com senso de responsabilidade cientes das consequências de seus atos, “independentemente da posição político-ideológica que ostentam”.

Recomendação do MP-GO contra participação de PMs nos atos do dia 7

Ministério Público de Goiás (MP-GO) expediu recomendação ao secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, e ao comandante geral da Polícia Militar (PM), coronel Renato Brum, para que militares da ativa, que não estejam em serviço, sejam proibidos de participar nas manifestações em favor do governo Bolsonaro (sem partido) no dia 7 de setembro.

A recomendação foi expedida pela promotora Adrianni Santos Almeida, nesta sexta. Confira AQUI.

Vale destacar, pelo Brasil diversos promotores e até um juiz militar atuaram para coibir a participação de militares nos atos do Dia da Independência. As ações foram protocoladas em São Paulo, no Distrito Federal, em Pernambuco, no Ceará, no Pará, em Mato Grosso e em Santa Catarina.

Elas vão de pedido de apuração da participação de PMs em atos antidemocráticos (MP de Santa Catarina), até alerta ao comandante-geral para “consequência graves” (juiz militar do Mato Grosso).

Em Goiás, o secretário Rodney Miranda disse que a Polícia Militar (PM-GO) não deve aderir. “Não há nenhum tipo de planejamento. Tocaremos nossa agenda como se fosse um dia qualquer”, revelou o titular da pasta na quinta.