Política

A solidão de Rodrigo Maia

Antes visto como primeiro-ministro, Maia agora lida com o ocaso de seu poder

A vida é algo esquisito. Pode ser bela, pode ser dura. Você está numa relax, numa tranquila, numa boa, e, de repente, vem uma porrada de onde você menos imagina que lhe faz beijar a lona. Um nocaute do acaso pra você deixar de ser besta. Todo mundo já levou uma bordoada na cara dessa coisa chamada vida. Uma imensa roda-gigante: um dia lá em cima que quase dá para tocar o céu, no outro lá embaixo que quase pode afundar a cara no chão. Rodrigo Maia (DEM-RJ) sabe disso. Até semana passada, era visto como o esteio da institucionalidade no Brasil. A imprensa o chamava de primeiro-ministro informal. Todo mercado lhe pedia benção. Isso acabou. Os dias de glória são passado, agora são os dias de luta. A vida de Rodrigo Maia hoje é um grande prato de arroz com feijão sem bife. No máximo, com um ovo frito para dar uma ornada.

Maia foi miseravelmente traído. E dentro de sua própria casa. A rasteira que tomou de ACM Neto, com a participação tipo João sem braço de Ronaldo Caiado, foi inesperada. Deixou o ex-presidente da Câmara dos Deputados desnorteado. Ele está mais perdido do que bêbado ao final de open bar. Com isso, foi para seu gabinete de deputado reles mortal e lambe suas feridas para se recuperar.

Mas bobo de quem acha que Maia está morto. Na política, isso não existe. Experiente como é, está digerindo o que aconteceu. A vitória de Arthur Lira machucou. Da forma como aconteceu, foi um ferimento profundo. Mas o tempo cicatriza. E transforma todo ódio em quase nada. Mas esse quase nada também é um detalhe. Esse detalhe chama-se vingança. E todos sabemos que esse é um prato que se come frio.

Maia ainda vai dar o troco em ACM Neto, Caiado, Lira, Bolsonaro e em quem mais ele perceber que lhe traiu. Não será hoje, não será amanhã. Será no tempo certo. Se Maia terá as armas certas para ferir quem o traiu, ainda não sabemos. Mas não pense que isso vai ficar por isso mesmo, pois não vai ficar.

Maia está se recompondo. Quando se sentir firme, vai contra-atacar. É bom que seus adversários não baixem a guarda.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil