Advogado de três supostas vítimas de abuso do prefeito de Luziânia fala ao Mais Goiás

Durante a semana, o prefeito de Luziânia, Cristóvão Tormin (PSD), que é acusado de abuso sexual e moral por várias mulheres, teria ido à delegacia regional da cidade para prestar uma queixa contra as supostas vítimas e parlamentares, que estariam envolvidos em uma articulação contra ele. O advogado de três dessas reclamantes, Humberto Kremer Neto, conversou com exclusividade com o Mais Goiás sobre o caso.

O jurista, que alegou não poder entrar em detalhes sobre vários pontos do assunto, rebateu a denúncia do gestor de que suas clientes teriam realizado falsa notícia-crime contra ele. A alegação do político, conforme aponta o defensor, teria sido feito feita nessa semana ao delegado regional da cidade.

“Essa semana, na última segunda-feira (7), o prefeito soube da evolução do processo de investigação no Ministério Público e foi ao delegado regional apresentar alegações no sentido de dizer que as vítimas, minhas clientes, estavam induzindo a situação ao erro com falsa notícia de crime.” Além disso, conforme ressalta Humberto, a denúncia do prefeito traria a acusação de que as três mulheres “estariam agindo de má fé, em articulação com a oposição, formada pelos vereadores Télio Rodrigues (PSDB) e Eliel Júnior (SD), no sentido de denegri-lo”.

Caso de abuso

O caso ganhou publicidade, na última quinta-feira (10), após o vereador Télio Rodrigues utilizar a tribuna da Câmara Municipal de Luziânia para tratar o assunto. A postura foi tomada pelo parlamentar, pois o prefeito teria registrado ocorrência também contra ele e o legislador Eliel Júnior, que estariam articulando com as supostas vítimas para denegrir o prefeito.

“Vim à tribuna para repudiar a atitude do prefeito Cristóvão que, em uma tentativa de reverter uma situação que está em andamento em seu desfavor, registrou uma ocorrência policial contra a minha pessoa pelos crimes de calúnia, difamação, contra a administração pública… E não só contra mim, também contra o vereador Eliel, citando também o nome da vereadora Ana Lúcia. O prefeito usou a instituição Polícia Civil para tentar reverter uma situação de forma astuta.”

Ainda na tribuna, o parlamentar tornou pública a situação. “Existe uma acusação em andamento, que não foi feita por mim, nem por Eliel… De assédio moral e sexual, feita por servidoras e ex-servidoras da prefeitura. Crime repugnante. Eu não tenho nada a ver com essas denúncias que pesam sobre o prefeito Cristóvão. Foram mulheres que trabalham com ele. Pessoas que tiveram sua honra ferida. Não estou aqui para acusar e condenar o prefeito, mas penso que ele deva vir aqui nessa casa e se explicar.”

Ele ainda afirmou que o prefeito queria criar um fato político sobre algo grave e garantiu que vai apresentar uma denúncia de falsa notícia-crime contra o gestor.

Defesa

O advogado Humberto Kremer Neto também informou ao procurador geral do Ministério Público, que essa manifestação do prefeito se trata de falsa notícia-crime. “Requeremos, então, um segundo inquérito contra o falso testemunho do prefeito.”

Questionado se há mais casos de abuso, além de suas três clientes, o advogado responde evasivamente. “Não sei quantos são, mas são mais de três.” Além disso, ele afirma, a outra pergunta do Mais Goiás, que não teve e nem buscou nenhum contato com o prefeito. “Quem faz isso são os órgãos competentes”, disse ele sem revelar há quanto tempo corre a investigação inicial para não quebrar o sigilo da mesma, se resumindo apenas a dizer que está em fase inicial.

Ele também não pode comentar sobre o tipo de abuso sexual, se houve conjunção carnal ou outra coisa. “O que posso comentar é somente sobre os atos decorrentes dessa semana”, declarou e emendou: “As ações do prefeito são inverídicas. Ele apresentou falsa notícia-crime contra três vítimas e contra membros do parlamento municipal. Então, também entraremos com ação de improbidade administrativa.”

Prefeito Cristóvão

O prefeito Tormin foi procurado por meio de seu celular pessoal, o qual já nos comunicamos em ocasião passada, e por meio do e-mail informado pela redes sociais da Prefeitura de Luziânia, mas não obtivemos retorno até o fechamento dessa matéria. Desta forma, o espaço permanece aberto para qualquer manifestação.

Porém, na sexta-feira (11), o gestor, ao Jornal Opção, afirmou que não conhecia as denúncias – nem contra os vereadores e nem a de assédio. Ele informou, ainda, não ter sido citado e nem denunciado parlamentares.

Ele ainda declarou que, na cidade, a oposição feita pelos legisladores não é construtiva. De acordo com ele, os parlamentares gostam de difamar e fazem uso de artimanhas.