Política

Advogado diz que é “absurda” fake news de que Marconi será preso

Segundo Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, não há nada que sustente pedido de prisão do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), candidato ao Senado

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse em entrevista que não há nada que sustente pedido de prisão do ex-governador Marconi Perillo (PSDB). Na última sexta-feira (28), o candidato ao Senado pela Coligação Avança Goiás foi alvo de busca e apreensão durante a Operação Cash Delivery.

“Não há nenhum sentido em falar em medida restritiva após as eleições. As medidas que foram feitas, na realidade, foram certamente de cunho eleitoreiro. Isto é muito grave”, disse o advogado do ex-governador, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

“É importante ressaltar que o ex-governador Marconi não tem nada a temer e não quer fugir da investigação. Numa democracia, todos podem ser investigados. A defesa não tem preocupação com a investigação, mas exige que ela seja feita dentro do devido processo legal. Se abusam na investigação contra um ex-governador, imagine o que não se faz contra o cidadão sem voz”, disse ele.

Durante a operação, Jayme Rincón, ex-tesoureiro de Perillo e coordenador da campanha ao governo do Estado de José Eliton (PSDB) – aliado do tucano e que busca a reeleição -, foi preso pela PF.

Os agentes apreenderam R$ 940 mil em dinheiro vivo na casa do policial militar Marcio Garcia de Moura, que trabalha como motorista particular de Rincón.  Nenhum valor apreendido pela PF foi encontrado nos endereços do governador em Goiânia ou em Pirenópolis.

“A medida de busca e apreensão não preocupa em absolutamente nada em relação ao conteúdo que foi apreendido e nenhuma preocupação com a investigação. É óbvio que a operação em si tem um caráter autoritário, tanto por parte do Ministério Público quanto por parte da Justiça”, disse Kakay.

A investigação teve como base os relatos dos delatores Fernando Reis e Alexandre Barradas, da Odebrecht. Em suas delações, eles citaram repasses de R$ 10 milhões a Perillo – R$ 2 milhões na eleição de 2010 e R$ 8 milhões em 2014.

Leia a entrevista:

Procedem as especulações de que o ex-governador Marconi Perillo pode ser preso após as eleições de outubro, com consequência da operação de sexta-feira?
Isso é um absurdo completo, não tem sentido algum, é mais uma fake news completa dele. Uma irresponsabilidade. Não há nenhum sentido em falar em medida restritiva após as eleições. As medidas que foram feitas, na realidade, foram certamente de cunho eleitoreiro. Isto é muito grave. Há anos venho falando sobre a criminalização da política e sobre a espetacularização do direito penal. Fazer uma operação policial, a 8 dias das eleições, tendo como base uma delação premiada de anos atrás, já conhecida de todos, e que tratam de fatos supostamente ocorridos em 2010 e 2014, é um acinte, quase uma leviandade. Nada justifica medidas drásticas por fatos que teriam ocorridos há 8 ou 4 anos atrás. O Supremo Tribunal tem posição pacífica, na apuração de fatos antigos: para ela não se pode tomar medidas restritivas de direitos. Sempre temos que analisar a contemporaneidade. É importante ressaltar que o ex-governador Marconi não tem nada a temer e não quer fugir da investigação. Numa democracia, todos podem ser investigados. A defesa não tem preocupação com a investigação, mas exige que ela seja feita dentro do devido processo legal. Se abusam na investigação contra um ex-governador, imagine o que não se faz contra o cidadão sem voz.

Há algo entre os objetos apreendidos nos endereços do ex-governador que possa sustentar essa especulação de prisão?
De forma alguma. A medida de busca e apreensão não preocupa em absolutamente nada em relação ao conteúdo que foi apreendido e nenhuma preocupação com a investigação. É óbvio que a operação em si tem um caráter autoritário, tanto por parte do Ministério Público quanto por parte da Justiça. Na realidade muito pouco foi apreendido, o celular pessoal do ex-governador e – pasme! – o celular pessoal da esposa dele e o computador da filha. Enfim, nada que preocupe, mas que evidencia os abusos por parte desta operação.

Por que a operação ocorreu agora, a poucos dias da eleição?
A deflagração da operação neste momento é, claramente, um movimento eleitoral. Infelizmente, o Ministério Público Federal e o Poder Judiciário agiram de forma inoportuna, inadequada e intempestiva. A medida mais restritiva não foi aplicada ao Marconi pela Justiça, mas a operação em si é abusiva e desnecessária. Uma busca e apreensão na casa de um candidato ao Senado, que governou o Estado de Goiás quatro vezes, é uma clara criminalização da política. Nada existia que justificasse estas ações por parte do MP e do Judiciário neste momento eleitoral. A delação da Odebrecht, razão da investigação, é antiga e conhecida de todo o País. Os fatos imputados são de 2010 e 2014. Parece óbvio que poderiam esperar mais 10 dias. Mas o objetivo era tumultuar as eleições. A defesa ressalta que ninguém esta acima da lei, todos podem ser investigados, mas o uso eleitoreiro do MP e do Judiciário é extremamente preocupante para o estado democrático.

A investigação continua depois das eleições?
Passado esse momento de espetacularização, pelo Poder Judiciário, da investigação e de criminalização da política, é claro que a investigação vai correr normalmente. Ninguém está acima da lei e todo mundo pode ser investigado. Mas, como eu já disse, não há nenhum sentido em falar em medida restritiva após as eleições. A investigação continuará e nós somos os maiores interessados na investigação. Continuamos à disposição do Poder Judiciário. O Governador Marconi ao longo da sua longa vida pública sempre se pautou pela postura absolutamente clara e de respeito às balizas democráticas. Sempre esteve à disposição do Poder Judiciário para esclarecer o que for necessário.