DINHEIRO PÙBLICO

Ajuda Federal a Estados e Municípios gera divergências entre políticos

Projeto está sendo analisado por senadores. Frente Nacional de Prefeitos avalia que economias locais podem entrar em colapso, caso matéria não seja aprovada

Senado aprova MP que libera quase R$ 9 bi para combate à Covid-19

A concessão de ajuda para Estados e Municípios está sendo avaliada no Senado. Há muita divergência entre governadores, prefeitos, deputados e entre os próprios senadores. O texto já passou pela Câmara dos Deputados e de acordo com o Ministério de Economia, o projeto pode provocar impacto de R$ 93 bilhões. O Senado articula a votação de uma proposta da Casa para auxiliar Estados e Municípios em substituição à produzida pelos deputados, ideia que agrada o governo, que está em disputa aberta com governadores.

Em Goiás, o atrito vem sendo encabeçado pelo senador Vanderlan Cardoso e o governador Ronaldo Caiado. Vanderlan tem feito críticas ao projeto. O parlamentar tem defendido contrapartidas dos Estados e Municípios e que a ajuda atende mais o interesse de grandes estados, em detrimento de outras unidades da federação. Em recente declaração durante live para emissoras do governo, Ronaldo Caiado, fez um pedido para que a população ajude a cobrar dos senadores goianos a agilidade na aprovação do projeto, sem citar nomes, mas numa crítica a Vanderlan.

“Se nós não recebermos essa compensação, não teremos caixa para cumprir com os nossos compromissos e [isso] vai comprometer até a folha de pagamento do Estado e dos municípios. A matéria foi votada na Câmara e está parada no Senado”, disse Caiado na ocasião.

A crítica do governador ganhou peso com posicionamentos de entidades municipalistas em Goiás. O presidente da Federação Goiana dos Municípios (FGM), Haroldo Naves, entende que a contrapartida não pode ser financeira e que a ajuda é indispensável neste momento. Ele espera que a aprovação e a liberação dos recursos ocorram ainda neste mês.

Vanderlan se opõe a Caiado e apoia medidas econômicas de Bolsonaro
Vanderlan sugere contrapartidas para concessão de recursos. (Foto: Divulgação)

Já o vice-presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM), Kelson Vilarinho, que é do mesmo partido de Vanderlan, o PSD, questiona que tipos de contrapartidas são exigidas num momento em que o municípios estão com dificuldades para pagar a folha.

Outras cobranças

Governadores marcaram posição e pediram aos senadores, por meio de carta, para aprovarem o projeto da Câmara que garante socorro emergencial. Vinte e cinco governadores assinaram uma espécie de “abaixo assinado”. Somente as lideranças executivas de Rondônia, Marcos Rocha; e de Roraima, Antônio Denarium; ficaram de fora da solicitação coletiva. Ambos são do PSL e alinhados ao presidente Jair Bolsonaro.

Já a Frente Nacional de Prefeitos tem manifestado que é fundamental que o projeto seja aprovado, ou então cidades entrarão em colapso financeiro. O projeto de lei dá uma compensação relativa às perdas do ICMS aos Estados e ISS aos Municípios.

No Senado, a proposta da Câmara foi recebida, mas passou a tramitar em conjunto com outro projeto, de autoria do senador Antônio Anastasia (PSD-MG), que “dispõe sobre a cooperação federativa na área de saúde e assistência pública em situações de emergência de saúde pública de importância nacional ou internacional”.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) destacou que “esquecer” a proposta da Câmara pode desequilibrar a relação institucional entre as duas Casas e defendeu que seja produzido um texto de consenso entre deputados e senadores.