ENTREVISTA

“Alcides tem de ter decência de entregar cargos se quiser ser candidato”, diz Gustavo Mendanha

Ex-prefeito de Aparecida também reforça confiança em Vilmar Mariano encabeçar candidatura do MDB nas eleições em 2024 em união com a base caiadista

O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (Patriota) vê com tranquilidade o momento que o seu sucessor, Vilmar Mariano (Patriota), vive na Cidade Administrativa. Para ele, é possível que o chefe do executivo aparecidense reverta o quadro eleitoral e chegue nas eleições municipais do ano que vem competitivo para a reeleição filiado ao MDB, legenda para qual ambos estão de malas prontas para voltar.

No entanto, no meio do caminho de Vilmarzinho, há uma oposição querendo espaço para fazer frente ao sucessor de Mendanha. Entre elas, há movimentações do deputado federal Alcides Ribeiro (PL) que nos bastidores já começa a montar equipe para disputar o pleito do ano que vem.

Apesar de respeitar as movimentações de Alcides, Gustavo Mendanha acredita que ele deve se posicionar e cravar se está ou não interessado na candidatura. “Acho que ele tem de tomar uma decisão: hoje ele está na base do Vilmar. Ele tem secretarias importantes. Eu acho que ele tem de tomar uma decisão, se ele quiser ser candidato de fato, tem de ter a decência de entregar os espaços que estão com ele hoje. Lógico, é justo e legítimo a postura dele. Tenho muito respeito por ele, é um deputado federal que ajudou e continua ajudando Aparecida”, avalia em entrevista exclusiva ao Mais Goiás.

LEIA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA COM O EX-PREFEITO DE APARECIDA DE GOIÂNIA, GUSTAVO MENDANHA:

Domingos Ketelbey: Como tem visto a gestão do prefeito Vilmar Mariano em Aparecida de Goiânia? Acredita que dá para reverter o cenário que se apresenta nas pesquisas?

Gustavo Mendanha: Eu tenho visto nos últimos dias alguns acontecimentos importantes na política que vão mexer com o cenário. O Vilmar tem feito uma agenda importante de buscar recursos e parcerias. Uma série de licitações que estão ocorrendo e que vão ser obras importantes. Na parte política, estamos buscando nos unir. Confesso que depois das eleições fui cuidar de muita coisa pessoal e me afastei um pouco. No entanto, estou mais próximo e mais perto do Vilmar do ponto de vista político e também administrativo. E também ajudá-lo para que ele possa ser mais assertivo e exitoso, mas eu diria que a gente vê que a agenda administrativa tende a seguir obras que são de fundamental importância para o cidadão aparecidense. Claro, o retorno do Vilmar ao MDB marca também algo importante do ponto de vista político.

Domingos Ketelbey: Esse retorno do Vilmar o consolida como candidato do MDB para a reeleição em 2024?

Gustavo Mendanha: Eu diria que sim. Ele é um quadro importante. Ele foi eleito vereador pelo MDB, presidente da Câmara, vice-prefeito pelo MDB e o aparecidense tem muito carinho pelo MDB. Tenho certeza que o Maguito, nosso grande líder, estaria feliz. Eu e Daniel conversamos sobre isso e estamos tranquilos com o retorno do Vilmar ao partido. Ele estando no mandato, claro, ele terá o suporte da legenda para disputar a eleição.

Domingos Ketelbey: Os bastidores apontam que o Professor Alcides teria ido atrás de pessoas que trabalharam muito próximo ao senhor como seu ex-secretário da Fazenda, André Rosa. Chegou a falar com eles sobre o assunto?

Gustavo Mendanha: Eu respeito a decisão de cada um. Vi algo a respeito sobre isso. Confesso que estive viajando nos últimos dias e não tive oportunidade de falar com os dois. O Tatá [Teixeira] chegou a mandar mensagem pra mim dizendo que não estaria aonde eu não estivesse. O André [Rosa] eu confesso que não conversei ainda. São pessoas e quadros técnicos do ponto de vista político. Se tomarem a decisão, claro que não vão fazer parte do meu grupo. Quem faz parte do meu grupo vai caminhar comigo.

Domingos Ketelbey: De todo o modo, esses gestos indicam que a pré-candidatura do professor Alcides é uma realidade. Como vê isso?

Gustavo Mendanha: Faz parte da democracia o Professor Alcides querer buscar pessoas que possam auxiliá-lo. Acho que ele tem de tomar uma decisão: hoje ele está na base do Vilmar. Ele tem secretarias importantes. Eu acho que ele tem de tomar uma decisão, se ele quiser ser candidato de fato, tem de ter a decência de entregar os espaços que estão com ele hoje. Lógico, é justo e legítimo a postura dele. Tenho muito respeito por ele, é um deputado federal que ajudou e continua ajudando Aparecida. Ele pode ajudar muito a cidade. Mas se ele tiver o desejo de disputar a Prefeitura, ele tem que entregar os espaços e se colocar na oposição ao prefeito Vilmar.

Domingos Ketelbey: Hoje o senhor vê o Professor Alcides na oposição?

Gustavo Mendanha: O professor Alcides está olhando a nuvem. Quando algumas pesquisas o apontam com certo favoritismo, eu acho que ele se encanta. Agora é interessante ele lembrar que a pesquisa do momento é a foto de quem é mais conhecido. O Vilmar embora tenha quatro mandatos, o vereador fica muito vinculado a região que ele representa. Quando fui candidato a primeira vez a prefeito, fiz uma pesquisa de conhecimento eu tinha pouco mais de 9 mil pessoas que me conheciam bem. Já o Professor Alcides tem uma trajetória sempre disputando cargos importantes. As pessoas tem conhecimento maior em torno do seu nome. Ele é deputado federal. Agora, se é um sonho que ele tem e algo de fato que ele está convicto ser candidto, que ele faça logo esse rompimento e possa fazer o trabalho. Se eu pudesse, eu queria que todos nós tivessemos no mesmo barco. Todos os atores que aí estão fizeram parte da minha gestão, eu gostaria de estarmos juntos. Se não for possível, tenho que respeitar e que todos façamos uma política de alto nível.

Domingos Ketelbey: O que mudou em Aparecida de Goiânia de 2020 quando o senhor conseguiu uma aliança ampla com participação do PSL ao PT para o momento atual? 

Gustavo Mendanha: Cada eleição é uma e temos momentos diferentes. Nós viemos de uma pandemia onde todos nós focamos muito em ajudar as pessoas. Não só pela boa gestão que fizemos dando continuidade a gestão do Maguito, mas também a forma inteligente que nós enfrentamos a pandemia que nos colocou numa situação única. Tenho a maior votação que um prefeito já teve proporcionalmente no país. Naquele momento eu consegui agradar tanto conservadores e progressistas e eu praticamente não tive adversário. O cenário é diferente, de alguém que assumiu o mandato há pouco tempo e é desconhecido ainda. Que tem a máquina administrativa mas do lado de lá, se de fato o Professor assumir essa candidatura, alguém que é conhecido e tem uma longa trajetória mas também que está na Câmara Federal. Se o professor vier a disputar a eleição e se vencer, perderíamos um deputado federal. Há muita coisa que vai acontecer.  

Minha postura como líder é tentar entender de fato qual candidato pode dar continuidade e ao meu ver, é o Vilmar Mariano. Claro, podem ter outras… Ademir [Menezes], Silvye [Alves], André Fortaleza, delegado Waldir. Todos que colocam ou podem colocar seu nome, mas eu entendo que é aquele que tem mais sintonia comigo e que pode dar continuidade ao trabalho. Vamos trabalhar para que ele possa não só consolidar a sua liderança, mas provar que ele tem condições de fazer um bom trabalho e dar sequência a tudo que começou com nosso líder Maguito Vilela.

Domingos Ketelbey: O senhor citou nomes que estão na base do governador como o Waldir, Silvye e o Ademir Menezes. Dá para chegar a um acordo de um candidato único na base caiadista?

Gustavo Mendanha: A gente tem conversado muito e feito as coisas com muita sintonia. Eu fui conversar sobre os cenários municipais com o governador. Ele respeita minha liderança e minha força. Acredito que a gente tem tudo para construir uma candidatura única aqui na cidade como podemos fazer em outros municípios. Quando não for possível em outras cidades, vamos fazer tudo de forma respeitosa. No caso específico de Aparecida, é minha casa, acredito que conversando com o governador, a gente possa caminhar juntos.

Domingos Ketelbey: Ainda está cedo para falar sobre um nome para a vice? Se a candidatura do Vilmar vingar, o nome do João Campos poderia fazer uma dobradinha com ele?

Gustavo Mendanha: Tá tudo distante para falar em vice. O João [Campos] foi candidato a senador junto comigo. É um parceiro e grande amigo. Tem todos os predicados não só para ser vice, mas também a prefeito. Ele é um grande quadro com quem tenho respeito e carinho. Essa discussão da vice vai acontecer mais pra frente. Seria o vice dos sonhos do Vilmar, mas tá muito cedo para definir. Isso será decidido num futuro mais distante.

Domingos Ketelbey: Apesar de uma boa base, o prefeito tem um relacionamento tumultuado com o presidente da Câmara, André Fortaleza. Há dúvidas se o pacote de projetos que tratam da reforma administrativa, 5G, dívidas dos feirantes, entre outros, será votado no retorno do recesso. Como tem visto essa situação?

Gustavo Mendanha: Eu confesso que não tenho tráfego nos assuntos referentes a Câmara. O secretário e ex-deputado Marlúcio Pereira tem a missão de fazer esse trabalho. Eu confesso que não falei com o Vilmar, mas sei que ele tem uma base ampla. Claro, tem suas adversidades. O próprio presidente que tem legitimamente o desejo de ser candidato a prefeito. Tem alguns vereadores que o acompanham mas são minorias.

Domingos Ketelbey: O que achou desses projetos encaminhados? Chegou a conversar com o Fortaleza a respeito?

Gustavo Mendanha: A questão de pautar os projetos é de caráter do presidente. Confesso que não tenho lido esses projetos e não tenho estado tão atento a essas questões. Naturalmente, se o presidente não quiser, não o fará. De acordo com o regimento, isso cabe a ele. Senão ocorrer a partir da volta dos trabalhos, isso deve ser pautado ou o presidente seria muito irresponsável, mas fazer isso durante o recesso pode ser que não passe.

Domingos Ketelbey: Como vê o trabalho de articulação política que o secretário Marlúcio Pereira tem conduzido?

Gustavo Mendanha: O Marlúcio é experiente. Acho que ele cometeu alguns equívocos e tenha pecado um pouco na relação mas ele tem a capacidade e conhecimento e tem relacionamento inclusive, com o presidente. O André se inseriu na política até a época sob a liderança do Marlúcio. Ele tem todas as condições de poder reverter isso e pacificar a relação.

Domingos Ketelbey: Novas mudanças no secretariado devem ser feitas pelo prefeito. Está o ajudando nesse sentido? Pode indicar novos nomes?

Gustavo Mendanha: Não tenho essa pretensão, mas caso o Vilmar entenda que em algumas pastas eu possa colaborar com algum nome, estou pronto para fazer isso. Mas isso não é algo que está no nosso radar. O Vilmar sempre teve muito a vontade para fazer qualquer tipo de alteração. Acho que ele tem feito algumas mudanças pontuais importantes. Ficamos na expectativa sempre de melhorar. A gente nota que nos últimos dias, os trabalhos acelelaram muito.