Política

Alcolumbre vai mesmo deixar André Mendonça na geladeira

Com decisão de Lewandowski, sabatina de indicado por Bolsonaro será em futuro distante, talvez até nunca

Presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (DEM-AP)

Os senadores Alessandro Vieira e Jorge Kajuru tentaram salvar a pele de André Mendonça, mas não teve jeito. O ministro Ricardo Lewandowski decidiu que não é da alçada do Judiciário obrigar que Davi Alcolumbre marque a sabatina do indicado terrivelmente evangélico de Jair Bolsonaro na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal. Isso quer dizer que Mendonça vai continuar na geladeira (ou seria freezer?) do senador do Amapá por mais tempo.

Considero a decisão de Lewandowski correta. Não cabe ao Supremo interferir em uma dinâmica interna do parlamento. Alcolumbre joga com o regulamento debaixo do braço. E, de fato, não há determinação de prazo para que o presidente da CCJ marque a sabatina. Sabedor disso, o senador vai deixando Mendoça exposto a tamanha humilhação.

Mas não me furto de debater a regra. Considero um erro não existir prazo definido para a sabatina. Acredito que o regimento interno do Senado deveria estipular prazo máximo para que essa arguição fosse feita. Coisa de 30 dias seria de bom tamanho. Mas não é por que acho que a regra é injusta que ela deixa de existir. E o que existe hoje é que não há prazo definido para a decisão de Alcolumbre.

Lá se vão três meses desde que Bolsonaro indicou seu ex-ministro da Justiça ao cobiçado cargo de ministro do STF e que o processo está empoeirando no escaninho do presidente da comissão.

A pressão em cima do senador amapaense está pesada. Vem de evangélicos e lavajatistas. Alcolumbre rebola para driblar os que lhe cobram uma decisão. Ele deve saber o que está fazendo. Pois o senador chegou em tal ponto de escracho com a cara de Mendonça que não há mais retorno. Se ele pauta a sabatina e Mendonça é aprovado para a vaga no STF, Alcolumbre terá um inimigo poderoso na Corte. O senador não pode correr esse risco.

Chegamos a um impasse: Alcolumbre não vai pautar; Mendonça não vai renunciar à indicação; e Bolsonaro não vai retirar o nome da mesa. Até quando ficaremos nessa situação encalacrada? Aguardemos os próximos capítulos.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Divulgação