Debate

Alego é palco de discussão sobre ideologia de gênero nas escolas 

A Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) foi palco, mais uma vez, de discussão calorosa e…

A Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) foi palco, mais uma vez, de discussão calorosa e polêmica. Em sessão plenária desta quarta-feira (14), membros da bancada autointitulada cristã criticaram o parecer contrário do Conselho Estadual de Educação (CEE) ao projeto do deputado Henrique Cesar (PSC), que proíbe a “ideologia de gêneros” nas escolas do Estado. 

Enviado à Casa no último dia 3 de maio, o parecer assinado pela conselheira relatora, Gláucia Maria Reis, afirma que o projeto “está na contramão da legislação pátria, da ciência e da história. Garantir a pluralidade de ideias e de pensamentos nas escolas é fundamental para a construção do Estado Democrático de Direito”. 

“Estudar e debater gênero não é isso. É refletir ‘sobre os papéis dos homens e mulheres. É reconhecer a igualdade de direito. É debater a violência contra as mulheres e tentar reduzir esse quadro e, acima de tudo, é criar oportunidades”, justifica a relatora. 

Para a bancada cristã, no entanto, os professores não devem utilizar a autoridade em sala de aula para discutir gênero ou ensinar ideais próprios e convicções pessoais às crianças. Segundo o deputado Rafael Gouveia (DC), o respeito a pluralidade de ideias e ao posicionamento individual não justifica que professores imponham sua visão de mundo aos alunos.

“Escola é lugar de ensinar ciências, matemática, português e geografia. São os pais que devem decidir o que seus filhos vão aprender, pois a educação influencia a vida do ser humano”, afirmou.

Mais críticas

Seguindo a linha de pensamento, o deputado Alysson Lima (PRB) também criticou o parecer do CEE. “A preocupação da base aliada ao governador em relação à ideologia de gênero e a formação de opinião sobre orientação sexual nas escolas é algo lastimável”. 

“Minha mãe sempre foi professora e na minha infância nunca vi esse tipo de abordagem em sala de aula. Sou contra e gostaria de engrossar essa luta a favor de uma escola sem partidos, sem ideologias. Nunca precisamos disso. As escolas precisam de ensino, de aprendizado, da liturgia da educação”, disparou.

Cairo Salim, do PROS, também usou a tribuna para criticar o parecer. “Uma criança de seis anos não tem discernimento do que é censura. Quem vai dar educação sexual para ela são os pais”, explicou o parlamentar, que emendou. “Se essa é a opinião dela, eu respeito. Mas ela não pode entrar nas escolas e exigir que nossas crianças tenham este tipo de ensino. Os professores têm que ensinar Português, Matemática, Geografia, pois nós estamos pagando para isso”.

Projeto

O projeto de lei, de autoria do deputado Herique Cesar (PSC), que proíbe a “ideologia de gênero” nas escolas das redes pública e privada em Goiás, foi apresentado em fevereiro de 2019. Pelo texto, fica proibida “a utilização da ideologia de gêneros, dentro ou fora, da sala de aula; orientação sexual de cunho ideológico e seus respectivos derivados; propagação de conteúdo pedagógico que contenha orientação sexual, ou que cause ambiguidade na interpretação que possa comprometer, direcionar ou desviar a personalidade natural biológica e a respectiva identidade sexual da criança e do adolescente”.

Apesar do parecer contrário do CEE, o projeto teve parecer favorável do relator Diego Sorgatto na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CJJ).