Deputado Goiano

Alexandre Baldy se posiciona favoravelmente à eleição indireta no caso da saída de Temer

O deputado federal foi o único goiano a participar de reunião convocada pelo presidente há pouco mais de uma semana

O deputado federal Alexandre Baldy (Podemos) reiterou, em entrevista ao Mais Goiás, seu posicionamento favorável à eleição indireta em caso de renúncia ou de impeachment do presidente Michel Temer (PMDB). O ex-peessedebista — que foi secretário da Indústria e Comércio em Goiás entre 2011 e 2013, durante o terceiro mandato do governador Marconi Perillo — afirmou que considera um oportunista “qualquer indivíduo que defenda mudança na lei em um momento de crise”.

O atual partido de Baldy, conhecido antigamente como PTN, foi um dos quatro que deixaram a base de Temer após a deflagração da crise que pode custar seu mandato na presidência. Apesar disso, o Podemos não dá sinais de que deva deixar os cargos angariados ao longo da aliança. Isso porque enquanto os demais penderam para a oposição, a legenda do deputado goiano se posiciona como “independente”.

O principal cargo ocupado por um integrante do Podemos no Executivo federal é a direção da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), que está a cargo do paulista Rodrigo Sergio Dias. Apesar de rumores de que o piauiense Henrique Pires (PMDB) voltaria a assumir o órgão após deixar a Secretaria Nacional de Turismo, da qual é o titular atualmente, nenhuma mudança foi concretizada.

A manutenção do status do partido junto ao governo federal, a despeito da ruptura anunciada oficialmente, é um dos reflexos da proximidade de Baldy com o presidente da República. Outro sinal é o fato dele ter sido um dos 23 deputados – o único goiano – presente em reunião convocada por Temer no dia 21 de maio, quando a crise havia acabado de ser deflagrada no governo federal.

A colunista do G1 Andréia Saddi reportou à época que, com o encontro, Temer tinha o objetivo de pedir aos parlamentares o apoio do Congresso em votações de projetos econômicos. Na ocasião, a Secretaria de Imprensa da Presidência informou que não havia um objetivo formal para a reunião. Questionado sobre o assunto, Baldy foi evasivo: “Como líder do maior bloco partidário na Câmara dos Deputados, composto por 64 parlamentares, tenho a obrigação de escutar e reunir o máximo de informações para que possa direcionar a bancada pelo o melhor de Goiás e do Brasil”, afirmou, sem dar qualquer detalhe sobre o que foi discutido.

O deputado também foi esquivo quando perguntado sobre a sua avaliação a respeito do cenário político atual e das possibilidades de renúncia ou de impeachment de Temer. “A população cobra que os envolvidos sejam devidamente punidos. Acredito que se algo de fato contundente for revelado sobre algum envolvido este deverá sair do cargo que ocupa, seja ministro, presidente ou qualquer outro cargo público”, declarou.

Vale lembrar que Baldy se absteve da votação que definiu a cassação de um correligionário de Temer, o então deputado Eduardo Cunha (PMDB), em setembro do ano passado. Sua ausência na sessão foi justificada pelo parlamentar afirmando que, após um acordo para adiar a votação, ele teria vindo a Goiás para cumprir agenda. O acerto, porém, foi desfeito, e ele não teria conseguido chegar a Brasília a tempo. Ainda assim, o goiano fez questão de ressaltar, em diversas ocasiões, que nunca foi aliado do ex-presidente da Câmara dos deputados e que votaria a favor de sua cassação.

Mas caso situação semelhante ocorra na presidência da República, Baldy já destacou que vai defender a manutenção da regra da eleição indireta. A mudança neste momento, diz, seria “comparável a se quiséssemos alterar a lei da colaboração premiada com vistas a prejudicar a Lava Jato”.

O posicionamento, porém, não encontra eco na linha ideológica de seu partido, que ele próprio explicou durante a entrevista quando questionado sobre a saída do Podemos da base aliada. “O Podemos hoje nasce e tem como principal bandeira a Democracia Direta, onde a população é convidada a acompanhar e participar da política não somente durante a eleição, mas no dia a dia do legislativo”, disse, ressaltando que a população está “cansada da velha política”. “Entendo que um novo modelo de política está surgindo não somente para ser implantado neste governo, mas para o futuro e entre todos os poderes constituídos.”