Alguém aí topa ser ministro do governo Bolsonaro?
Trabalhar como auxiliar do presidente é coisa para quem tem capacidade ilimitada de engolir sapos
Marcelo Queiroga aceitou ser ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro. Torço para que o cardiologista paraibano seja bem-sucedido em sua nova empreitada. Bem-quisto entre seus pares na medicina, ele tem um grande desafio pela frente. O Brasil precisa de alguém que bote a pasta no prumo. Perder duas mil vidas por dia na pandemia é algo que dói em qualquer um com um pingo de empatia. E quero crer que Queiroga chega para o trabalho na esperança de reverter o cenário trágico.
Só que, infelizmente, minha torcida pelo sucesso do médico que agora entra na política não interfere em nada no mundo real. Torço para o Goiás. Por isso sei da inutilidade do ato de torcer para que fatos práticos se alterem. E a realidade do governo Bolsonaro é tétrica demais para ser melhorada por torcida.
A experiência de outros nomes que passaram pelo primeiro escalão do governo me mostra que o futuro de Queiroga não será nada fácil. Lidar com as milícias digitais bolsonaristas é dose para leão. Aguentar os impropérios vomitados diariamente pelo chefe é desafio digno de teste de paciência de monge budista.
Ou ele se acostuma a engolir sapos e vê sua credibilidade profissional ser corroída como madeira infestada por cupins, ou não terá vida longa como ministro.
Queiroga pegará o caminho de Nelson Teich, que caiu fora com menos de um mês no trabalho para preservar sua biografia? Ou seguirá os passos de Eduardo Pazuello, que abaixou a cabeça, seguiu as determinações de Bolsonaro e hoje envergonha seus pares no Exército? Não faço a menor ideia. Só sei que eu não queria estar na pele do cara. Disso eu tenho muita certeza.
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado