Depois da confirmação do impeachment no Plenário do Senado nesta quarta-feira (31), os aliados de Dilma Rousseff prometeram uma dura oposição ao governo de Michel Temer.
Segundo o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o PT fará uma oposição dura ao presidente Michel Temer por considerá-lo “ilegítimo”. O senador disse temer medidas que retirem direitos sociais dos trabalhadores. Segundo Lindbergh, o PT vai fazer uma reflexão sobre o período em que ocupou o governo e vai ficar claro, para a população, as conquistas sociais e econômicas dos governos petistas.
“O PT tem que se repensar, mas todos os partidos têm que refletir. Vamos chegar com um discurso muito forte em 2018. Acho que, nesse processo de resistência, o PT se reencontrou com as ruas”, declarou.
O senador Humberto Costa (PT-PE) também classificou o governo Temer como “ilegítimo”, mas disse que irá fazer oposição ao governo e não ao país. Ele ponderou que a divergência faz parte da vida parlamentar e disse entender que o governo Temer não pode contar com uma base muito ampla no Congresso.
Para o advogado de defesa, José Eduardo Cardozo, o PT é um partido com uma “trajetória importantíssima para o país”. Ele disse que o partido deve fazer uma reflexão após esse processo e aí projetar sua atuação. Segundo Cardozo, é injusta a tentativa de generalizações em relação ao PT. Ele lembrou que o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), é citado em várias delações na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Mesmo assim, argumentou, não seria justo generalizar a situação a todos os integrantes do PSDB.
STF
Na visão de José Eduardo Cardozo, “hoje é um dia triste para a democracia brasileira”, pois o afastamento de Dilma ocorreu sem a prática de crime de responsabilidade. Ele informou que vai entrar com duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando o processo de impeachment em relação à defesa e à justa causa do processo, já que, em sua opinião, não há razão para o afastamento de Dilma. Segundo Cardozo, o impeachment não é motivo para enquadrar a ex-presidente na Lei da Ficha Limpa, pois ela não foi condenada por improbidade.
“Hoje é um dia em que a democracia brasileira está de luto”, lamentou Cardozo.
Base e Lava Jato
Para a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), a decisão contra Dilma Rousseff foi injusta. Ela se disse triste com o resultado do impeachment, mas ressaltou que tem a consciência tranquila de ter atuado com coerência e com lealdade. Segundo Kátia Abreu, Dilma “vai seguir sua vida, cuidar da filha e dos netos”. A senadora informou que a ex-presidente vem recebendo convites para dar aulas no Brasil e no estrangeiro, pois “tem muita experiência e pode, inclusive, colaborar com outros governos”.
Kátia Abreu anunciou que vai votar as propostas do governo Temer de forma independente, analisando aquilo “que for bom para o país”. A senadora também afirmou ter dúvidas sobre a unidade da base novo governo e disse não temer retaliação por parte do PMDB.
“Não fui eu que mudei de lugar. Michel Temer foi vice de Dilma por duas vezes. Grande parte do PMDB votou em Aécio, como [Romero] Jucá, Geddel [Vieira Lima] e integrantes de outros diretórios, e hoje estão aí usufruindo de um governo que eles não ajudaram a eleger”, criticou.
A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) reafirmou seu entendimento de que não houve prática de crime de responsabilidade. Ela lamentou que o Senado tenha se transformado em “colégio eleitoral” e afirmou que pretende trabalhar para alterar a Lei do Impeachment. Um dos principais críticos do processo de impeachment, Roberto Requião (PMDB-PR) afirmou que agora é importante que a sociedade dê total apoio à continuidade das investigações da Operação Lava Jato.