“Alinhamento ideológico”: senador por Goiás entra com pedido de suspeição de ministro relator do caso das joias de Bolsonaro
Kajuru aponta que Augusto Nardes foi contundente em demonstrar sua parcialidade na defesa do ex-presidente
O senador por Goiás, Jorge Kajuru (PSB), solicitou ao presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, o reconhecimento da suspeição e impedimento do ministro Augusto Nardes para relatar e julgar o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias supostamente enviadas pela Arábia Saudita.
Kajuru aponta na representação que há fortes indícios de peculato ou até de corrupção passiva no caso das joias. No entanto, aponta que o ministro relator ganhou as manchetes dos jornais quando enviou áudio a um grupo de produtores rurais no WhatsApp em dizia que haver forte movimentação nas casernas e que os militares iriam realizar ações para “desenlace bastante forte na nação, [de consequências] imprevisíveis, imprevisíveis”.
“Parcialidade contundente”
O senador aponta que o ministro Augusto Nardes foi contundente em demonstrar sua parcialidade na defesa do ex-presidente quando afirmou no áudio que “agora veio o Bolsonaro que despertou a sociedade conservadora e hoje todo mundo está nas ruas aí fazendo a sua defesa desses princípios. Demoramos, mas felizmente acordamos. Demoramos, mas felizmente acordamos”.
Kajuru diz ainda que há “aparente alinhamento ideológico e companheirismo entre o ministro e o ex-presidente”.
“No áudio, Nardes narra encontros e articulações com autoridades da ditatura militar. Ele também parece nutrir uma espécie de admiração e proximidade com o [ex-]Presidente quando o coloca como pessoa que conseguiu ressuscitar os conservadores no Brasil. É inegável que ele será favorável ex-presidente, destaca.
Joias de Bolsonaro
O caso se refere à tentativa do governo Bolsonaro de trazer ilegalmente para o país colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em € 3 milhões, o equivalente a R$ 16,5 milhões. As joias eram um presente do regime saudita para o então presidente e a primeira-dama Michelle Bolsonaro e foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos. Estavam na mochila de um militar, assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que viajara ao Oriente Médio em outubro de 2021.
Ao saber que as joias haviam sido apreendidas, o ministro retornou à área da alfândega e tentou usar o cargo para liberar os diamantes. Foi nesse momento que Albuquerque disse que se tratava de um presente do governo da Arábia Saudita para Michelle. A cena foi registrada pelas câmeras de segurança, como é de praxe nesse tipo de fiscalização. Mesmo assim, o agente da Receita reteve as joias, porque, no Brasil, é obrigatória a declaração ao Fisco de qualquer bem que entre no País cujo valor seja superior a US$ 1 mil.