Internacional

Aloysio Nunes discute situação da Venezuela com secretário de Estado dos EUA

Ministro das Relações Exteriores se reuniu com Rex Tillerson, em Washington, sobre a crise venezuelana

O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, reuniu-se ontem (2) com o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, em Washington. Na reunião, os dois trataram de temas de interesse comum, como investimentos, segurança e cooperação na área jurídica. Um dos principais assuntos, segundo Nunes e o Departamento de Estado dos Estados Unidos, foi a situação da Venezuela.

Aloysio Nunes disse que ele e Tillerson trataram da “preocupação com a deterioração da situação política e suas consequências e também da deterioração das condições de vida [na Venezuela]”. O chanceler brasileiro destacou ainda que, para o Brasil, o tema ganha ainda mais relevância por causa da fronteira comum entre os dois países e da migração de venezuelanos.

A Venezuela foi a razão pela qual o ministro esteve em Washington. Ele participou, na quarta-feira (31), da reunião de chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a situação no país. Segundo o ministro, mesmo que os países da OEA não tenham alcançado consenso, a sessão mostrou a legitimidade da organização para resolver questões no continente, legitimidade essa que teria sido reconhecida também por países do Caribe, tradicionalmente mais próximos da Venezuela.

Dez pontos

Nunes apresentou ao secretário de Estado norte-americano dez pontos em que as relações bilaterais devem se focar nos próximos três meses. Segundo o ministro, no fim desse período, os dois países devem se reunir novamente para verificar se houve avanços efetivos. Os pontos são: comércio, investimento, aviação civil, espaço, infraestrutura e energia, agricultura, saúde, economia digital, defesa e segurança.

De acordo com o chanceler brasileiro, no encontro com Tillerson, foram abordadas formas de recuperar a dimensão econômica do Mercosul e eliminar barreiras ao livre comércio entre os países do bloco, além de questões referentes a investimentos nos países da Aliança do Pacífico. “Na América do Sul, neste momento, nós temos uma grande convergência em torno da democracia, da segurança jurídica, liberdade de comércio, inclusive em países em que os governos têm posições políticas diferentes da nossa. Temos uma exceção a isso que é a Venezuela”, disse Nunes.

Acordo do clima

Após a reunião, o ministro comentou a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris. “Nós lamentamos. No Acordo de Paris, a presença dos Estados Unidos é muito importante”, afirmou Nunes. Ele reiterou que o Brasil continuará engajado na agenda do clima, posicionamento que considera um “ponto fundamental da política externa do país”.

Nunes disse ainda que Tillerson manifestou convicção de que o Brasil é um país institucionalmente sólido, com Judiciário independente e liberdade de imprensa. “Temos turbulência política, mas que não significa uma turbulência institucional”, afirmou o ministro.

PSDB

Aloysio Nunes reafirmou que não acredita que o PSDB deixará o governo. “O PSDB não é madame Bovary”, afirmou, em alusão ao romance francês do século 19, de Gustave Flaubert, em que a personagem Emma Bovary trai o marido. Sobre as denúncias contra o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), o ministro disse que vê a situação com muita tristeza e que a questão será decidida pelos tribunais.

Questionado sobre a possibilidade de aprovação das reformas do governo, o ministro afirmou que o Congresso  está funcionando e que o presidente Temer tem maioria no Congresso. “Uma maioria ativa, que está dando resultados.” E completou: “todos os países que se engajaram em reforma da Previdência tiveram dificuldades enormes em aprová-las, inclusive o Brasil”.