Alta rotatividade no secretariado expõe fragilidades de Rogério Cruz, dizem analistas
Trocas mostram falta de rumo do atual prefeito em conseguir tocar sua gestão, avaliam
As mais de 60 trocas no secretariado promovidas pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos) desde que assumiu o cargo levantadas pelo Mais Goiás expõem fragilidades políticas e administrativas do republicano. Isso reflete no eleitorado que percebe as inconstâncias. Essa é a opinião de cientistas políticos ouvidos pela reportagem.
“Trocas sucessivas e frequentes implicam em ruptura de políticas e na dificuldade de construir uma fisionomia da gestão, facilmente compreendida pelos munícipes”, destaca a cientista política Ludmila Rosa ao portal Mais Goiás. Não surpreende então que a avaliação negativa do prefeito Rogério Cruz chegue a 39,59% de acordo com o levantamento feito pela Goiás Pesquisas encomendado pelo MG e publicado em junho.
As rotineiras trocas no secretariado também demonstram dificuldades em apresentar à população quais as prioridades da gestão, aponta Ludmila. A cientista política avalia que o prefeito Rogério Cruz sequer tomou o plano de governo que elegeu Maguito Vilela (MDB). “As sucessivas trocas de secretariado demonstram certo experimentalismo perigoso na condução da gestão pública e dificuldade de apresentar à cidade uma linha mestra de prioridades escalonadas”.
Rogério Cruz é um “prefeito acidental” por isso têm dificuldades, avalia cientista
O cientista político Guilherme Carvalho tece contundentes críticas a gestão do prefeito Rogério Cruz. “A gente tem que lembrar que ele é um prefeito acidental”, destaca. “Era um vereador do baixo clero na Câmara dos Vereadores e sua carreira política só ganhou fôlego a partir da articulação da Igreja Universal que o colocou na posição de vice do prefeito eleito Maguito Vilela”, relembra.
Guilherme aponta que houve alguns acertos de Rogério Cruz ao trazer para si políticos experimentados como o atual secretário de Governo Jovair Arantes (Republicanos) – que deve cair em breve – e o publicitário Jorcelino Braga (Patriota), que coordenou a campanha de comunicação vitoriosa de Maguito Vilela (MDB). Nem isso, no entanto, fez alavancar sua gestão.
“Tem algo que ninguém está enxergando e que tem acontecido reiteradamente. Uma das coisas é a falta de confiança da classe política na capacidade política de Rogério Cruz manter uma coalizão em torno de sua liderança. A falta de liderança é um problema. Falo da personalidade do Rogério Cruz enquanto líder dessa coalização”, pontua.
“A falta de liderança cria cenários em que aliados se tornam adversários pelo mesmo cargo. Ta aí o motivo de tantas rusgas com o Romário, por exemplo”, exemplifica. “O problema central desse troca-troca de secretariado não é por desejo do Rogério Cruz, mas é a própria instabilidade na base criada pela falta de expectativa de poder que ele gera”, sacramenta.
A avaliação então é que os próprios aliados acabam gerando pressão pelas trocas. Isso se irá se perpetuar até o fim de seu mandato, avalia. “E ele é muito suscetível a atender essas pressões porque parece que a próxima pressão vai ser suficiente para derrubálo. Quantas reformas tivemos? Primeiro o MDB, depois o grupo de Brasília e por aí vai? Quantos grandes nomes passaram e nenhum conseguiu se assentar? Talvez o problema central esteja no próprio Rogério Cruz…”, descreve.
Tempestade em copo d’água, avalia auxiliar
É dessa forma que um titular do primeiro escalão do governo Rogério Cruz (Republicanos) resume o debate em torno da nova reforma do secretariado que o chefe do executivo municipal promete anunciar nos próximos dias: “Estão fazendo uma tempestade em copo d’água”, diz o auxiliar ao Mais Goiás.
“Não é essa coisa toda que estão falando. Quando o prefeito fala ‘até onze’, ele já está considerando os cargos que já foram alterados. Coloca aí a Comunicação, Educação, Esportes, Controladoria, Ciência e Tecnologia, Administração. Só aí já foram cinco. Restam poucos cargos para serem definidos.”, destaca ao tentar pacificar o assunto.
De acordo com o titular que não quis se identificar, a reformulação caminha para o fim, de olho em se fortalecer para as eleições de 2024 “O que ele [Rogério Cruz] está fazendo agora é finalizar uma reforma que já começou há meses”, define. “Isso é normal acontecer em qualquer gestão. Tudo certo. Repito: estão fazendo tempestade em copo d’água. O que tá acontecendo é algo absolutamente normal”, pontua.
O próprio Rogério Cruz pontuou sobre o assunto durante entrevista coletiva concedida no desfile de 7 de Setembro, em Goiânia, na última quinta-feira (7/9). “A política é assim. O governador troca de assessores. O presidente da República trocou ministérios. Isso é importante para inovação ou renovação de projetos”, justifica.
Rogério Cruz prepara novas mudanças nos secretários da administração municipal previstas para serem promovidas após o feriado prolongado. Entre elas, secretarias importantes como Saúde, Governo, Administração, Relações Institucionais, além de Política para Mulheres e Escritório de Prioridades Estratégicas, entre outros.
“É natural que isso aconteça porque podem surgir novos projetos para beneficiar a população. Há um trabalho para que aqueles que querem colaborar com o desenvolvimento de Goiânia estejam do nosso lado”, continua Rogério Cruz.
“Acho que já está no momento de nós termos a responsabilidade e a transparência de colocarmos pessoas que possam ir agora até o final da nossa gestão”, pontua.
O Mais Goiás já mostrou que de uma estrutura composta por 33 cargos no primeiro escalão do Paço Municipal, apenas seis nomes ainda permanecem frente aos postos que foram nomeados quando Rogério Cruz (Republicanos) assumiu definitivamente a Prefeitura de Goiânia no dia 15 de janeiro de 2021, em decorrência do falecimento de Maguito Vilela (MDB).