Anápolis pode polarizar disputa entre Naves e PT, mas terceira via promete surpreender
Se em Goiânia o número de pré-candidatos à Prefeitura é expressivo, em Anápolis a situação…
Se em Goiânia o número de pré-candidatos à Prefeitura é expressivo, em Anápolis a situação não está diferente, guardadas as devidas proporções. O atual prefeito Roberto Naves (Progressistas) é nome certo na disputa, mas apesar disso, a assessoria informa que ele está “100% focado no mandato e não está falando sobre política, nem a sucessão de 2020”. Além dele, nomes do PT, PSL, Podemos, PSDB e outros podem engrossar a corrida eleitoral.
Apesar de Naves ser endossado pelo presidente estadual do Progressistas, Alexandre Baldy, dentro da própria sigla há concorrência. O deputado estadual Coronel Adaílton (Progressistas) desde antes da ida do prefeito para a legenda já se assumia pré-candidato. “Eu entendo com perfeita sintonia que eu tenho a legitimidade. Eu fui eleito e estou desde antes no partido. Então, sou pré-candidato e não abro mão.”
Para Adaílton, embora Baldy tenha endossado Roberto em entrevistas, isso ainda não é definitivo. “Há impropriedade na palavra do presidente. Qualquer pessoa filiada tem legitimidade para ser pré-candidato”, declarou o parlamentar, que espera resolver a situação nas convenções.
O deputado disse, ainda, que ninguém sentou para conversar com ele e que só “toma notícia” pelos veículos de comunicação. “Nem por telefone”, afirma o parlamentar sobre Alexandre Baldy.
Disputa
Adaílton reafirma: “Eu quero ser o prefeito de Anápolis. A cidade precisa de mais opções e esse trabalho do Executivo combina mais com minha carreira.” De acordo com ele, uma das opções, o PT (que pode ser representado na figura do também deputado Antônio Gomide) isolaria o município, já que a sigla não é apreciada pelo governador Ronaldo Caiado (DEM) e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “A cidade se tornaria uma ilha.” Além disso, ele afirma que a administração atual não consegue a aprovação da população.
Questionado sobre dificuldades de se viabilizar dentro da sigla, ele afirma que, se não houver a possibilidade dentro do Progressistas, existem outros caminhos na legislação eleitoral. Ele cita a entrada em um novo partido, sendo o Aliança pelo Brasil, bem cotado para esse surgimento; mas também um grande descontentamento dentro da sua atual legenda com decisões partidárias ou, ainda, uma expulsão – que o obrigaria a buscar outro partido.
“Mas a nossa pré-candidatura é no Progressistas. A chance de eu sair candidato é enorme. Quero ser candidato e prefeito”, reforça.
Podemos
O Podemos também deve ter nome na disputa. Os ex-vereador por dois mandatos e ex-presidente da Câmara de Anápolis, Sírio Miguel, colocou seu nome à disposição da legenda. “Sou uma das poucas pessoas que participou de todas as eleições, como candidato, nos últimos 24 anos”, lembra ele e continua: “Me sinto em condições de participar do debate político da cidade e o Podemos tem essa perspectiva de apresentar essa alternativa.”
Segundo Sírio, outros nomes podem ir para a convenção da sigla, mas ele se vê com boas chances. “O que estiver em melhores condições vai ser candidato. O partido não vai se acovardar. Na convenção, vamos chegar a essa conclusão.”
Em relação ao atual cenário da cidade, ele vê com preocupação uma polarização entre Gomide, que deve sair pelo PT, e Roberto Naves. “É preocupante, pois pode acontecer o mesmo que ocorreu na eleição presidencial, na qual não houve oportunidade de conhecer s demais. Então, queremos participar do debate, até porquê a cidade tem dois turnos”, ressalta.
Mesmo assim, sua aposta é em uma vitória da terceira via. “Sempre tivemos resultados surpreendentes nas eleições. Gomide, apesar de bem avaliado, enfrenta a impopularidade do PT. E o Roberto também tem rejeição. Essa história de negação da política, do empresário e do novo, não tem mais espaço”, avalia.
PSL
Avaliação semelhante faz o pré-candidato do PSL, o ex-superintendente do Porto Seco de Anápolis, Edson Tavares. Para ele, a cidade, ao dedicar expressiva votação em Bolsonaro, em 2018 – cerca de 80%, segundo Edson –, demonstrou que não quer mais a esquerda. “E o Roberto Naves não caiu no encanto da sociedade civil”, avaliou.
Para ele, de fato se abre um espaço para outros nomes. “Acreditamos que a terceira via ganhe. Então, vamos costurar uma terceira via com outros partidos, algo interessante já pensando no segundo turno.”
Questionado se há consenso no PSL, ele afirma que ainda estão sendo construídas propostas e quem tiver a melhor deve ser o candidato na sigla, conforme decidido em convenção. E ele já adianta: “Não vou para o Aliança.” A ideia de Edson é garantir votos daqueles que apostaram no presidente Bolsonaro, mesmo ele já tendo deixado a legenda.
PSDB
Um dos possíveis nomes do partido PSDB na disputa da prefeitura em Anápolis é o médico Samuel Fayad. Inclusive, segundo a comunicação da sigla o ex-prefeito Adhemar Santillo declarou apoio a ele.
Outros nomes que também estão no páreo, como Ridoval Chiareloto, bem como do ex-prefeito João Gomes. Apesar disso, informações de bastidores sugerem que Chiareloto, na verdade, não teria interesse em ser cabeça de chapa, mas vice de Antônio Gomide, o que não é da vontade da sigla.
De volta a informações da assessoria de imprensa do PSDB, Jânio Darrot tem dito que defende a candidatura de cabeças de chapa nas principais cidades, inclusive Anápolis. Darrot, destaca-se, resolveu permanecer na presidência do partido após reunião com o ex-governador Marconi Perillo.
PT
O deputado estadual Gomide também foi procurado. Por meio de sua assessoria, ele confirmou ser, de fato, pré-candidato à prefeitura de Anápolis.
“Confirmo que sou pré-candidato, mas o partido só vai bater o martelo um pouco mais adiante, nas convenções.” Para ele, o importante é que o PT está se organizando e discutindo.
“Tivemos uma reunião muito boa na terça-feira (21), quando foi discutido o programa de governo e comunicação. Está sendo tudo bem pensado dentro dessa ideia nossa de retomar um projeto importante para a cidade”, resumiu.
Bastidores
Uma fonte ligada à prefeitura da cidade disse que o sentimento entre os aliados de Naves é que a certeza de Antônio Gomide ser candidato não existe mais. Além disso, caso ele não seja, o atual prefeito tem expectativas de um vitória em primeiro turno. Para essa fonte, a possibilidade de terceira via é mínima.
“O PT teria hoje os partidos de extrema esquerda e o restante (centro e direita) praticamente todos estão fechados com o Roberto. Portanto, mesmo se houver algum candidato interessado em disputar, é difícil dele conseguir uma coligação para isto. No máximo, ele vai sair com um partido apenas, sem tempo de televisão e com pouca estrutura.” Para esta fonte, então, a eleição de 2020 está polarizada entre Roberto e Gomide.
A informação difere do que foi conversado com outros pré-candidatos, que confirmaram estarem, sim, se reunindo com o intuito de formar uma terceira via forte. Além dos nomes e partidos citados, outros mais ainda podem surgir.