ENTREVISTA

André Fortaleza acredita ser terceira via em Aparecida, mas diz que continua ‘pé no chão’

Presidente da Câmara dos Vereadores também fala sobre relação com Vilmar Mariano e gestão frente ao legislativo

André Fortaleza em entrevista ao portal Mais Goiás (Foto: Divulgação)

O presidente da Câmara dos Vereadores de Aparecida de Goiânia, André Fortaleza (MDB), sustenta em entrevista exclusiva ao Mais Goiás que irá pavimentar seu nome para a Cidade Administrativa numa pré-candidatura até meados de março do ano que vem, quando enfim tomará a decisão: continua com o projeto ou não. Até lá, diz que vai para a rua buscar fortalecimento de seu trabalho.

Fortaleza defende que durante seu tempo à frente da presidência fez uma “gestão democrática”. “Nunca obriguei nenhum vereador a votar projeto algum e mesmo com minhas diferenças com a atual gestão, sou parceiro do prefeito que aí está”, garantiu. “Também consegui tocar uma obra que estava parada. Se tudo correr como previsto, a primeira sessão de 2024 já será na nova sede do legislativo em Aparecida”, destaca.

André faz referência à obra da nova sede que terá o nome de Léo Mendanha, pai do ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha. “Diante de tudo o que fizemos, considero 2023 um ano espetacular. Tenho trabalhado com responsabilidade à frente do parlamento. Ano que vem teremos muito trabalho onde estaremos cuidando da pré-campanha e cuidando da presidência da Casa para que os projetos e as nossas obrigações sejam cumpridas com excelência”, salientou.

Na entrevista, Fortaleza provoca o atual prefeito Vilmar Mariano (MDB) e o deputado federal professor Alcides Ribeiro ao comentar a polarização que se desenha. Ambos têm dito em entrevistas que o duelo em 2024 será protagonizado pela dupla. “Temos nomes com representatividade no município. Eu acho uma certa prepotência por parte dos dois em ter um pensamento desses”, destaca citando a si próprio, Glaustin da Fokus e João Campos, do Podemos, que ainda não decidiram se vão ao jogo eleitoral.

Fortaleza crê, inclusive, que pode se tornar uma terceira via competitiva e que romperá essa hipotética polarização. “Eu acredito que eu vou ser competitivo de fato. Eu tenho total convicção disso que estou te falando. Vou ser competitivo e vou ter projetos voltados para Aparecida por meio de planejamentos que pretendo viabilizar”, destaca.

Mas também afirma ser pé no chão e diz que não cometerá loucuras caso perceba, por meio de pesquisas de intenção de voto, que sua candidatura não será viável. “Não adianta ser pré-candidato que lá na frente eu veja que não consegui um espaço. Seria insanidade permanecer com candidatura sem decolar. Estamos lutando para que possamos decolar para que concretize a candidatura e vamos embora”, pontuou.

Por isso, não há nenhuma pressa até para trocar de partido. No MDB, ele tem a forte concorrência do atual prefeito Vilmar Mariano. Como existe a janela partidária para troca de legenda, entre março e abril, ele deixará o tempo dizer e deixa aberta até a possibilidade de permanecer onde está. “Chegando em março e a nossa pré-candidatura não decolar, claro que vamos conversar com o partido. Vou conversar com o Gustavo e o Daniel para saber qual será o futuro do Fortaleza. Eu vou ouvir esse grupo”.

Leia a entrevista na íntegra com o presidente da Câmara dos Vereadores, André Fortaleza (MDB):

Domingos Ketelbey: Presidente, qual o balanço que faz da sua gestão em 2023?

André Fortaleza: Tenho trabalhado com muita responsabilidade à frente do parlamento tratando respeitosamente todos os outros poderes, jamais usei a prerrogativa de ser presidente para fazer qualquer tipo de retaliação ao poder executivo. Tenho agido com muita responsabilidade. Ano que vem teremos muito trabalho onde estaremos cuidando da pré-campanha e cuidando da presidência da casa para que os projetos e as nossas obrigações sejam cumpridas com excelência.

Como faz para administrar os projetos das inúmeras colorações partidárias dos seus colegas?

André Fortaleza: Olha, no começo até haviam certas dificuldades mas a gente foi ajeitando. Eu nunca pedi para um vereador rejeitasse um projeto do executivo ou de algum outro colega. Nunca interferi, sempre tratei com muita democracia. Precisamos de parlamentares que se interessem pelos projetos pautados aqui na casa. Hoje o parlamento está independente. Antes, o parlamento era um puxadinho do executivo. Até que as pessoas entenderam que o parlamento é um parceiro e o presidente André é parceiro do gestor que aí está, mas eu não estou só para carimbar, mas também para analisar os projetos, fazer avaliações e pontuar críticas e sugestões.

O senhor é parceiro do atual prefeito? Como assim?

André Fortaleza: Sou parceiro. Projeto nenhum que ele mandou nessa casa ficou sem ser votado. Projetos que deixaram de ser votados é porque encontra-se com alguns erros. Para você ter uma ideia, o pacotão de projetos que ele mandou para cá só ficou a reforma administrativa  que está incorreta e tem vários erros. Tentei devolver e eles não aceitaram. Tá na casa aqui parado.

A reforma administrativa chegou no fim do semestre passado. Esse semestre está terminando. Não será votada?

André Fortaleza: Vai passar esse semestre sem ser votado. Primeiro lugar porque temos aqui o impacto financeiro que na justificativa eles apontam 8 milhões e eu afirmo que é 22 milhões. Esse é um dos pontos e isso pra mim é o primordial. Eles tem de reconhecer, eles não reconhecem e eu não vou voltar.

Os vereadores da base não fazem alguma pressão?

André Fortaleza: Eu não sou movido a pressão. Se me pressionar, é pior. Olha, seria incoerente numa cidade em que a saúde já foi boa e está deteriorando. Várias reformas de CAIS como o Nova Era que tem mais de dois anos e não tá pronto. É justo criar mais de 250 cargos? A gente não precisa de mais empregos. Temos que colocar os servidores para trabalhar.

O senhor diz que é pré-candidato a prefeito. Será seu último ano como vereador?

André Fortaleza: O último ano. Nosso projeto é de lançar voos mais altos. Temos um projeto como pré-candidato a Prefeito. Sem dúvida nenhuma, vou entrar para disputar com muita tranquilidade, sem baixar o nível do processo eleitoral. Pelo contrário.

É uma decisão sem volta?

André Fortaleza: Não vou usar esse termo porque nós não sabemos o que pode acontecer amanhã. O diálogo é a base de tudo. Eu não posso ser um político que não tem diálogo, participamos de uma base, eu tenho meu líder Gustavo Mendanha que acompanho a tempo e tenho uma relação muito boa. Vamos dialogar, a princípio eu não vejo possibilidade de voltar atrás. Não vou falar que é um caminho sem volta ou que nunca farei isso. São palavras que não uso mais. Não sabemos o dia do amanhã, eu como pré-candidato tenho de estar disposto a conversar com todos.

Mas se as eleições fossem hoje e dependesse só do senhor, seria candidato…

André Fortaleza: A minha convicção hoje é sim. Temos crescido nas pesquisas. Vamos para a rua, em fevereiro ou março se tivermos condição e a campanha viabilizada claro que iremos tocar pra frente. Não adianta ser pré-candidato que lá na frente eu veja que não consegui um espaço. Seria insanidade permanecer com candidatura sem decolar. Estamos lutando para que possamos decolar para que concretize a candidatura e vamos embora. 

Então o senhor diz que se sua candidatura não se viabilizar, não decolar, pode reavaliar o assunto…

André Fortaleza: É, temos um parâmetro. Um parâmetro de candidatura é a pesquisa. Um levantamento bem feito, honesto, onde vai nos dar um norte. Não posso simplesmente falar que sou pré-candidato e que não tem volta, mas não tem norte e nem base. O termômetro será no final de fevereiro e início de março para avaliar como estamos sendo aceitos pela a população e seguir na campanha.

Isso é uma novidade então… Não me recordo de você dizer que poderia reavaliar o projeto.

André Fortaleza: Isso é sensatez. Eu não posso afirmar uma situação e chegar lá em março eu não pontuo, seria uma ignorância da minha parte permanecer com um projeto desse. Hoje, Aparecida de Goiânia é a segunda maior cidade de Goiás. Mais de 550 mil habitantes. É o segundo PIB de Goiás com um orçamento de mais de 3 bilhões. Tenho de ter os pés no chão e a auto-avaliação que a gente possa tomar a decisão para tomar a decisão no tempo certo.

Presidente, você teve conversas com o Daniel para sair do MDB. Ele te liberou? Já tem casa nova?

André Fortaleza: O meu presidente Daniel Vilela, atual vice-governador, me aconselha a aguardar para eu continuar. Ele me diz que vai avaliar quem vai viabilizar que será o candidato. Ele não vai tomar decisões precipitadas. Vai aguardar até fevereiro. Eu não irei para as prévias com o Vilmar Mariano. Tenho respeito por ele. Ele tem o direito por ser atual prefeito. Mas eu tenho boa relação com o senador Vanderlan Cardoso. Tenho conversado com o PSD. Tem o Marconi Perillo que também eu tenho um excelente relacionamento e o PSDB já mostrou as portas abertas para mim. 

Vai esperar a janela partidária para decidir qual o futuro, então?


André Fortaleza: Eu não tenho pressa porque a janela partidária para mudança de partido é só entre março e abril. Tenho tranquilidade para escolher o partido que quero ingressar.

Agora a pouco, você disse que se sua candidatura não viabilizasse poderia reavaliar o projeto. Então há chance de ficar no MDB?

André Fortaleza: Chegando em março e a nossa pré-candidatura não decolar, claro que vamos conversar com o partido. Vou conversar com o Gustavo e o Daniel para saber qual será o futuro do Fortaleza. Eu vou ouvir esse grupo.

Duas semanas atrás, o senhor esteve num evento com o Vilmar Mariano num movimento tocado pelo ex-prefeito Gustavo Mendanha. Foi o ínicio de uma aproximação?

André Fortaleza: Foi um evento tranquilo. O Gustavo me convidou e convidou alguns vereadores para estar acompanhando ele. Eu fui com maior prazer acompanhando ele, sempre tive essa liberdade com ele. Fomos lá, a intenção do Gustavo é mostrar que somos unidos, mas hora nenhuma ele quis promover qualquer tipo de aproximação política ou apoio. Ele sabe da minha índole e sabe que mesmo não apoiando o Vilmar eu tenho me portado com muita responsabilidade no parlamento. O respeito como respeito a todo o secretariado. Não tenho vaidade. Temos divergências mas o respeito.

Fora da política, tem relação pessoal com o prefeito Vilmar Mariano?

André Fortaleza: Não temos relação na vida pessoal. Não é nem por minha parte. Tem hora que eu acho que falta um pouco de sabedoria no prefeito. Eu falo: gostar a gente não precisa de gostar de ninguém, mas de respeitar temos obrigação de respeitar todo o mundo. É muito improvável que caminhemos juntos.

Mas o que promoveu esse distanciamento e essa relação irreconciliável? 

André Fortaleza: Quando o prefeito assumiu o mandato, tivemos algumas divergências e desentendimentos. Ele começou a me ver como oposição e por eu ter pontuado muitas situações aqui em Aparecida ele me tem como inimigo. Eu não o tenho como inimigo, pelo contrário. É uma palavra muito forte. Temos divergências pessoais.

Vilmar e Alcides falam que ambos vão polarizar a disputa. Acredita nisso?

André Fortaleza: Eu não acredito de maneira alguma. Até mesmo porque Aparecida é a segunda maior cidade. É grande. Não vejo essa polarização no nome dos dois. Eu sou pré-candidato, temos o Glaustin da Fokus, o João Campos. Temos nomes com representatividade no município. Eu acho uma certa prepotência por parte dos dois em ter um pensamento desses.

Honestamente, acredita que se a candidatura se viabilizar será um nome competitivo?

André Fortaleza: Eu acredito que eu vou ser competitivo de fato. Eu tenho total convicção disso que tô te falando. Vou ser competitivo e vou ter projetos voltados para Aparecida por meio de planejamentos cujo os quais eu pretendo viabilizar.

Então de acordo com a narrativa, o senhor será uma terceira via?

André Fortaleza: Se é assim for, eu pretendo ser a terceira via que irá fazer a diferença em Aparecida de Goiânia.

Qual o impacto da polarização Lula e Bolsonaro em Aparecida?

André Fortaleza: Eleições municipais são atípicas, tem importância o apoio de Lula e Bolsonaro? Tem, mas para mim não é fundamental. Contribui? Sim, mas não é decisivo. Não vou me apoiar em nenhum dos dois. Hoje no Brasil, a esquerda e a direita radicalizou muito. O povo perde muito com isso. Quero um governo para todos, da esquerda a direita. 

Se sua candidatura for viabilizada, qual será sua principal plataforma?

André Fortaleza: A nossa principal plataforma é uma reforma administrativa diferente desta que está ai onde não vamos criar cargos e vamos organizar a casa. Colocar as pessoas certas nos lugares certos para que eles possam executar suas funções. Acima de tudo, oferecer um serviço de qualidade e com eficiência. 

Tempos atrás o nome do senhor era especulado numa vice do professor Alcides. É uma possibilidade o senhor ocupar essa posição? Até do próprio prefeito Vilmar Mariano?

André Fortaleza: Vai depender de uma conversação. Por enquanto, isso não passa pela minha cabeça. Inclusive, nunca tive essa conversa com ninguém. No momento, não parei para pensar nisso até porque vice só se define na última hora. Não adianta escalar um time a partir dos reservas. Não tem como… Para mim, vice é a última peça a ser escolhida.