Apenas seis dos secretários que começaram na gestão Rogério Cruz continuam nos cargos
Número pode ser reduzido ainda mais com iminente nova reforma administrativa
De uma estrutura composta por 33 cargos no primeiro escalão do Paço Municipal, apenas seis nomes ainda permanecem frente aos postos que foram nomeados quando Rogério Cruz (Republicanos) assumiu definitivamente a Prefeitura de Goiânia no dia 15 de janeiro de 2021, em decorrência do falecimento de Maguito Vilela (MDB). É o que revela um levantamento feito pelo Mais Goiás publicado nesta quarta-feira (06/09).
O número pode ser reduzido ainda mais nos próximos dias com a nova reforma administrativa que o prefeito Rogério Cruz pretende realizar. Durval Pedroso, titular da Saúde, Tatiana Lemos (PCdoB), secretária de Políticas Afirmativas para Mulheres e Valdery José Batista (Patriota), da Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer, estão com seus cargos sob risco.
Além dos três, o secretário Particular do Prefeito que acumula a chefia de gabinete, José Alves Firmino (Republicanos) permanece no cargo e é visto como um intocável na gestão do republicano. Carlos Alberto Silva, na secretaria de Regularização Fundiária, e o comandante da Guarda Civil Metropolitana, Wellington Paranhos, são os outros “sobreviventes” da administração. O último inclusive é o único remanescente da gestão Iris Rezende (2017-2020).
O controlador-Geral do Município Colemar Moura também estava no início da gestão, mas a reportagem não colocou seu nome no grupo pois o advogado pediu exoneração ainda no primeiro trimestre de 2021 com o rompimento do grupo emedebista ligado ao vice-governador Daniel Vilela. Desde então estiveram no cargo Aline do Espírito Santo que ficou seis meses de forma interina no posto e na sequência Gustavo Cruvinel (MDB).
Colemar retornou ao cargo pouco mais de dois anos após o rompimento com o MDB que provocou sua saída com as bênçãos do novo conselheiro do prefeito Rogério Cruz, o publicitário Jorcelino Braga. O republicano aposta suas últimas fichas para a sobrevivência no marqueteiro que tocou a campanha vitoriosa de Maguito Vilela, na qual era vice.
É de Jorcelino Braga com o grupo de assessoramento ao Prefeito (GAP) que vem os movimentos de mudança no secretariado. No entanto, o publicitário faz questão de dizer que a decisão está nas mãos do prefeito Rogério Cruz. O entorno tenta minimizar a pressão. “Até que seja publicado no Diário Oficial do Município não passa de especulação”, relata um aliado ao Mais Goiás.
Fã ou hater?
Com tantas mudanças no primeiro escalão em pouco tempo, Braga atribui a própria gestão do prefeito Rogério Cruz os problemas do secretariado. Em uma avaliação direta e honesta ao jornalista Jackson Abrão realizada na última segunda-feira (04/09), o publicitário destacou que em outras palavras, não havia diálogo entre os titulares e o chefe do poder executivo.
“Evidentemente que esses problemas do dia-a-dia da sociedade. Cobrança do trânsito, na Comurg, em secretarias…”, destacou. Problemas em licitações, às vezes o secretário tomava uma decisão… Muitas das vezes o prefeito nem tinha conhecimento e tinha que voltar atrás porque não estava correto”, reconheceu.
O diagnóstico feito por Braga identificou então uma falta de sinergia no diálogo entre titulares do primeiro escalão e Rogério Cruz. “Faltava do ponto de vista prática, uma linguagem unificada dos administradores das secretarias.” Coube também críticas até mesmo à gestão do planejamento por parte do chefe do executivo. A leitura feita nos bastidores é que Braga exagerou demais na honestidade. Fã ou hater?
Reformas buscam ‘acelerar a administração’ e preparar a gestão Rogério Cruz para a reeleição
As justificativas apresentadas pelo entorno do prefeito ao promover tantas mudanças são de fortalecer a gestão do republicano, tanto de forma administrativa como politicamente, já de olho nas eleições do ano que vem. A mesma premissa já foi apresentada em reformas anteriores.
Em maio de uma só vez, Rogério Cruz promoveu mudanças na Secretaria de Mobilidade, Educação, Administração, além de Esportes, Ciência e Tecnologia, que tiveram digitais de membros da CEI da Comurg numa manifestação que, de acordo com especialistas, minimizou o poder de fogo do colegiado.
Rogério Cruz tentou mexer na presidência do Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas) e colocou a esposa do vereador Welton Lemos (Podemos) na presidência do órgão. Gizza Laurene do Carmo foi nomeada mas sequer chegou a tomar posse. O mesmo órgão já havia sido alvo de outras 3 mudanças ainda no começo da gestão de Rogério Cruz. Leandro Valoto, Jefferson Leite e Júnior Café estiveram à frente do cargo de presidente antes que Welmes Marques assumisse.
Mas não vai parar por aí. Os bastidores dão conta que o prefeito Rogério Cruz encaminha a sexta mudança no Imas e conversa com vereadores do bloco Vanguarda para que a nomeação seja feita.
A Secretaria de Administração é outra que vai para o sétimo titular na nova reforma administrativa. Desde que o prefeito Rogério Cruz assumiu o poder já passaram pelo cargo Marcelo Araújo Teixeira, Fabiano Bissoto, Carlos Eduardo Merlin, Denes Pereira, Wellington Bessa, Luciano Fernandes Damacena. O último está de forma interina frente ao cargo e deve ser trocado em breve.
Nomes que estão desde o início da gestão podem cair
Secretários que já avançam para o quarto ano no cargo e estão na berlinda, Durval Pereira, ligado ao MDB, a secretária de Políticas Públicas para Mulheres, Tatiana Lemos (PC do B) e o presidente da Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer, Valdery José da Silva (Patriota) aguardam novos movimentos.
Os bastidores apontam iminência da queda do primeiro. A avaliação é que Durval não conseguiu resolver problemas importantes na gestão da pasta nem resolver a crise junto as três maternidade da Capital – Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI), na Maternidade Nascer Cidadão (MNC) e no Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC).
Apesar disso, vereadores ouvidos pelo Mais Goiás demonstraram surpresa e insatisfação ao verem os nomes de Durval e Tatiana entre a lista inicial vazada. Ambos têm boa relação com os parlamentares. “Não há nenhum problema em mexer com esses cargos desde que haja diálogo prévio”, postula. “Ficamos sabendo pela imprensa e isso de certa forma nos deixou surpreso”, deixou um vereador.
Valdery já é ligado à deputada federal Magda Moffato (Patriota) e pode ser remanejado para outra função. A Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer é cobiçada pelo PDT mas as conversas se enfraqueceram ao longo das últimas semanas.