Aprovação de Bolsonaro regride em 23 das 26 capitais durante pleito municipal
A avaliação positiva do governo do presidente Jair Bolsonaro caiu numericamente em 23 das 26…
A avaliação positiva do governo do presidente Jair Bolsonaro caiu numericamente em 23 das 26 capitais brasileiras entre os meses de outubro e novembro, durante as eleições municipais. O levantamento do GLOBO comparou a primeira pesquisa do Ibope no período eleitoral com a mais recente em cada uma das cidades. O instituto tem medido a aprovação e a rejeição à gestão de Bolsonaro quando faz os levantamentos de intenção de voto para as prefeituras.
Os números mostram que em quase todas as capitais caiu o percentual que avaliou o governo como “ótimo ou bom”. Das 23 cidades nas quais o presidente teve esse índice reduzido, em 14 a queda foi além da margem de erro, que varia de três a quatro pontos percentuais dependendo do município. Não houve aumento do índice de aprovação de Bolsonaro em nenhuma capital do país se considerada a margem de erro.
Outro indicador negativo para o presidente está relacionado ao número de entrevistados que avaliam sua gestão como “ruim e péssima”: este índice subiu acima da margem de erro em 12 capitais.
As pesquisas foram feitas em um período no qual o auxílio emergencial concedido pelo governo em decorrência da pandemia foi reduzido de R$ 600 para R$ 300. Em setembro, em uma pesquisa nacional realizada pelo Ibope que abrangia também cidades do interior, o presidente contava com 40% de “ótimo e bom”, 29% de “regular” e 29% de “ruim e péssimo”.
Repercussão nas urnas
A redução da popularidade de Bolsonaro nas capitais repercutiu nas urnas. Dos seis candidatos a prefeito apoiados pelo presidente em capitais, quatro foram derrotados no primeiro turno, ao passo que dois disputam o segundo turno mas se encontram atrás nas pesquisas de intenção de voto.
A maior redução de avaliação “boa e ótima” do governo Bolsonaro ocorreu em João Pessoa (PB) onde o índice foi de 43% para 30%, entre outubro e novembro. Em seguida no ranking estão capitais da região Norte, como Manaus (AM) — de 54% para 42% —, onde o candidato apoiado pelo presidente à Prefeitura, Coronel Menezes (Patriota), ficou apenas em quinto lugar.
Já em Rio Branco (AC) a aprovação continua alta, apesar da queda, de 48% para 39%. A capital acreana fez o presidente, inclusive, recuar da sua decisão de não apoiar candidatos no segundo turno. Ele gravou ontem um vídeo de apoio a Tião Bocalom (PP). O gesto, entretanto, foi calculado e de baixo risco: Bocalom terminou o primeiro turno com 49,58% e é favorito contra Socorro Neri (PSB). Ela assumiu a prefeitura após o afastamento de Marcus Alexandre (PT), que disputou o governo do estado em 2018 e foi derrotado, e é candidata à reeleição.
Em 12 capitais não houve variação no índice de aprovação, considerando a margem de erro. No Rio e em Macapá (AP), a avaliação “ótima e boa”continuou a mesma, de 34% e 42%, respectivamente. Em Aracaju (SE), o percentual passou de 25% para 28%, mas ficou dentro da margem de erro. No caso da capital sergipana, a comparação foi feita entre uma pesquisa divulgada em 11 de novembro e outra do último dia 20. O Ibope não questionou a avaliação do governo Bolsonaro nos levantamentos feitos ao longo de outubro.
A capital em que o presidente tem a melhor avaliação continua a ser Boa Vista, mas o número de moradores da capital de Roraima que consideram seu governo bom ou ótimo caiu de 66%, em 16 de outubro, para 58%, em 20 de novembro. Na outra ponta, Salvador segue como a capital em que o presidente tem a pior avaliação. Apenas 15% dos soteropolitanos consideram seu governo ótimo ou bom, enquanto 66% o avaliam como ruim ou péssimo.
São Luís e Curitiba foram as cidades nas quais mais cresceu a avaliação negativa do governo. Na capital do Maranhão, o percentual dos que consideram a gestão de Bolsonaro ruim ou péssima subiu de 46% para 57%. Já na capital paranaense a alta foi de 10 pontos percentuais, de 34% para 44%.
Para o cientista político e professor da FGV, Carlos Pereira, a postura belicosa do presidente na pandemia contribuiu para o resultado.
— A economia vibrante não aconteceu. E o discurso conflituoso, de polarização, indo sempre para o extremo, perdeu o sentido com a pandemia— diz Pereira.