ANÁLISE

Atos de 7 de setembro: Bolsonaro quer mostrar força e manter a militância aquecida

Com os atos de 7 setembro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quer mostrar força…

Com os atos de 7 setembro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quer mostrar força perante a queda de popularidade e manter a militância aquecida no combate a inimigos.

A avaliação é do cientista político Guilherme Carvalho que aponta risco de ruptura democrática, com o teor dos chamamentos para as manifestações de feriado do Dia da Independência.

O cientista político ressalta que as movimentações de 7 de setembro são tentativa de mostrar robustez do movimento bolsonarista. Neste sentido, a pesquisa do Instituto Quaest, que aponta queda na popularidade do presidente, e possibilidade de uma terceira via, preocupa o Planalto.

Segundo Carvalho, embora negue ser afetada pelos novos índices, a Presidência da República monitora os anseios da sociedade.

Neste sentido, o movimento bolsonarista busca atacar onde tem força. Ou seja, nas bolhas de rede social com agrupamentos que podem demonstrar engajamento. Com isso, a intenção é mostrar número nas ruas e que há apoio a Bolsonaro “para fora” das redes sociais.

“É uma estratégia que tende a dar certo, como um discurso de enfrentamento no sentido de dizer: ‘a mídia mostra o presidente como fraco, mas olha as movimentações de rua'”, aponta o cientista político.

Pesquisa mostra o movimento da sociedade

Guilherme avalia que as pesquisas mostram o que está acontecendo na sociedade. Já que elas levantam, através de amostragem, o que acontece no “Brasil de verdade”.

E esse país mostrado pela pesquisa não está na rua com Bolsonaro. Inclusive a pesquisa da semana passada mostra possibilidade de disputa entre um candidato que não seja Bolsonaro contra o ex-presidente Lula.

“Com isso, as movimentações buscam mostrar reação diante do decréscimo da popularidade do presidente”, aponta.

Poder Judiciário: novo inimigo comum

O segundo ponto levantado pelo cientista político sobre as movimentações para o dia 7 de setembro é a busca de um “novo inimigo comum”. A princípio o inimigo principal do bolsonarismo era o chamado establishment, colocado como os “políticos corruptos”.

No entanto, o próprio presidente passou a adotar discurso alinhado ao Centrão, que foi aceito pela militância. O que mostra que ele tem controle sobre a agenda perante os seus apoiadores.

Agora, o ataque parte para o Poder Judiciário, que segundo Guilherme, é mais fácil de ser atingida, pois nenhum membro do Judiciário foi eleito. O que faz sentido do ponto de vista da defesa da democracia, sob o ponto de vista bolsonarista.

Movimentos antidemocráticos

Neste sentido, os movimentos previstos para 7 de setembro são antidemocráticos para Guilherme.

Entretanto, trata-se não apenas de contestar a eleição, já que a democracia é maior que o pleito. A meta, segundo ele, seria questionar o equilíbrio entre os poderes, bem como os contrapesos que colocam limites na atuação de cada um deles.

Desfile da Marinha em frente ao STF foi visto por Poderes como movimento antidemocrático estimulado por Bolsonaro (Foto> Reprodução/Redes Sociais)

“São movimentos antidemocráticos. Pois, a simples contestação ao Poder Judiciário é constestar a Constituição, uma vez que está previsto nela que esse é o poder que determina o que é constitucional ou não”, reforça.

Ele continua: “a contestação dos bolsonaristas é contra essa prerrogativa. O movimento se organiza para contestar isso. O que em última instância põe em xeque a harmonia dos poderes”, diz.